NOVAS TECNOLOGIAS
Nanopartículas podem se tornar grandes aliados no controle de pragas
Engenheiros da Universidade da Califórnia em San Diego desenvolveram uma tecnologia baseada em nanopartículas formadas a partir de vírus de plantas. Essas partículas podem levar moléculas de pesticidas à profundidades do solo que antes eram inacessíveis. Este avanço tem o potencial de auxiliar os agricultores a combaterem de maneira eficaz os nematoides, que são parasitas que assolam as raízes, ao mesmo tempo que minimizam os custos.
O controle dessas pragas é um desafio na agricultura há muito tempo. Uma das razões é que os defensivos disponíveis tendem a aderir às camadas superiores do solo, tornando difícil atingir o nível das raízes, onde esses parasitas causam estragos. Como resultado, os agricultores recorrem frequentemente à aplicação de quantidades excessivas de pesticidas, bem como à água para lavar os pesticidas até à zona das raízes.
Buscando soluções mais eficazes, uma equipe liderada por Nicole Steinmetz, professora de nanoengenharia, desenvolveu nanopartículas de vírus vegetais que podem transportar moléculas de pesticidas profundamente no solo, precisamente nos locais necessários.
O trabalho se inspirou na nanomedicina, onde nanopartículas estão sendo desenvolvidas para administração direcionada de medicamentos, sendo que a ideia foi a transposição desse conceito à agricultura. De acordo com Nicole, essa tecnologia está ligada à agricultura de precisão, visando o aumento da eficácia dos tratamentos em campo, sem a necessidade do aumento das doses.
O vírus do mosaico verde moderado do tabaco é a base da pesquisa. Esse vírus vegetal tem a capacidade de se mover facilmente pelo solo. Os pesquisadores modificaram essas nanopartículas de vírus, tornando-as não infecciosas para as culturas, removendo seu material genético. Eles então misturaram essas nanopartículas com soluções de pesticidas, criando partículas esféricas semelhantes a vírus repletas de pesticidas.
As vantagens da tecnologia são várias. Primeiro, é econômico, com apenas algumas etapas, resultando em um método mais escalável. Em segundo lugar, ao simplesmente embalar o pesticida dentro das nanopartículas, a estrutura química original do pesticida é preservada, ou seja, não há a criação de um novo ativo que precisaria passar por registros e aprovações de uso, o que ocorre é apenas uma encapsulação da molécula.
Além disso, o vírus do mosaico verde moderado do tabaco já foi aprovado pela EPA para uso como herbicida no controle de uma planta invasora chamada maçã soda tropical, o que possivelmente poderia agilizar a transposição da tecnologia do laboratório para o campo.
Os pesquisadores conduziram experimentos em laboratório para demonstrar a eficácia de suas nanopartículas embaladas com pesticidas, sendo que a tecnologia eliminou pelo menos metade da população de nematoides tratados. A investigação futura envolverá testes de nanopartículas em plantas infestadas em situações de campo para avaliar a sua eficácia em cenários agrícolas do mundo real, que poderá comprovar a eficácia das nanopartículas para o controle dos nematoides.
Fonte: Agropages, publicado em 25/09/2023
Fonte da imagem: Freepik