NOVAS TECNOLOGIAS
Pesquisadores chineses descobrem potencial novo mecanismo no controle de pragas agrícolas
Pesquisadores chineses identificaram herbicidas baseados em éteres difenílicos como potenciais inibidores de trealase, enzima essencial para o metabolismo de energia em insetos.
A descoberta sugere a possibilidade de um novo mecanismo de controle de pragas agrícolas.
O trabalho focou na enzima trealase, responsável pela conversão de trealose em glicose, crucial para energia e síntese de quitina em insetos.
O estudo explorou dois compostos derivados de herbicidas — bifenox e chlomethoxyfen — como inibidores não-carboidratos dessa enzima. Esses compostos demonstraram inibir a trealase de forma eficaz e reduzir a glicose nos insetos tratados.
Os resultados indicaram que o bifenox e o chlomethoxyfen não apenas retardaram o crescimento de larvas de pragas como Ostrinia furnacalis, mas também causaram alta mortalidade em gafanhotos, com taxas superiores a 60%.
Para a identificação dos compostos foi utilizado triagem virtual e ensaios biológicos, os cientistas testaram mais de 48 mil compostos. Bifenox e chlomethoxyfen emergiram como os mais promissores, com mecanismos de inibição competitiva sobre a enzima.
Para a avaliação biológica em gafanhotos alimentados com plantas tratadas, houve queda significativa na mobilidade e nos níveis de glicose do hemolinfa, seguido de mortalidade. Isso sugere interrupção na principal via de fornecimento de energia dos insetos.
Para as aplicações práticas, os dois compostos são herbicidas amplamente conhecidos e usados no controle de ervas daninhas. Essa descoberta amplia sua aplicação para o manejo integrado de pragas, combinando controle de plantas invasoras e insetos.
O uso de inibidores de trealase baseados em éteres difenílicos pode representar uma mudança de paradigma no manejo de pragas. Por serem compostos já disponíveis no mercado, a adaptação para controle de insetos pode reduzir custos de desenvolvimento e acelerar a adoção. Além disso, como humanos não possuem trealase, esses produtos parecem apresentar baixo risco de impacto à saúde humana.
Os pesquisadores indicam que novos estudos devem otimizar a estrutura química dos compostos para maior eficácia e especificidade. Há também a possibilidade de combinar esses inibidores com técnicas de aplicação ambientalmente sustentáveis.
Fonte: Revista Cultivar, publicado em 21/12/2024
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