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Nova fábrica de bioinsumos recebe licença para operar em Cuiabá
A Agropecuária Maggi (Amaggi) recebeu do governo do Mato Grosso, em 30 de dezembro de 2024, uma licença de operação para produzir defensivos em sua planta em Cuiabá, capital do estado e portão de entrada do Pantanal. A capacidade de produção será de 283.335 litros por mês.
A autorização foi para operar no Distrito Industrial de Cuiabá. O Pantanal é um ecossistema extremamente sensível, repleto de planícies alagadas e de grande diversidade de fauna e flora. O documento da licença de operação descreve a atividade como fabricação de defensivos agrícolas, mas sem especificar quais seriam os produtos nem seus princípios ativos. Já o parecer técnico confirma tratar-se de atividade de uma “biofábrica” envolvendo defensivos agrícolas, “químicos e biológicos”.
A Amaggi informou à coluna que recebeu autorização da Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso após um pedido de licenciamento apresentado em outubro de 2022.
Além de ser o portão de entrada do bioma Pantanal, Cuiabá também é conhecida como a capital do agronegócio. A região abriga grandes cultivos de soja, uma cultura intensiva que usa em larga escala agroquímicos.
Segundo a empresa, a fábrica produzirá “bioinsumos” a partir de organismos vivos, como fungos e bactérias, com o objetivo de controlar doenças e pragas que comprometem as lavouras, “além de potencializar a eficiência da absorção de nutrientes pelas plantas”.
“Assim, contribuiriam para a redução do uso de fertilizantes químicos e defensivos agrícolas, mitigando a emissão de poluentes e “promovendo uma agricultura mais equilibrada, sustentável e responsável”, afirmou a Amaggi em nota.
Mas não só o documento da licença de operação descreve a atividade como fabricação de defensivos agrícolas. Na descrição do cartão do CNPJ da empresa, consta a mesma informação. Além de não esclarecer quais produtos serão fabricados, a Amaggi não disse em qual cultura o produto será usado nem qual o seu princípio ativo.
A Amaggi havia obtido em 2023 uma licença prévia com validade até 2027 para fabricação de defensivos agrícolas para o cultivo de soja na cidade de Sapezal, mas a licença foi cancelada por falhas na elaboração.
A cultura da soja é o carro-chefe da produção brasileira e mato-grossense. A produção de grãos no estado deve crescer 4,4% e atingir 97,3 milhões de toneladas na safra 2024/2025, conforme levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado em 14 de janeiro. Mato Grosso lidera como o maior produtor nacional de grãos, com participação de 31,4%, seguido por Paraná (12,8%), Rio Grande do Sul (11,8%), Goiás (11,0%), Mato Grosso do Sul (6,7%) e Minas Gerais (5,7%).
Segundo dados da Secretaria da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso, o cultivo de soja convencional consome em defensivos R$ 1.579,81 por hectare, enquanto a soja transgênica gasta R$ 1.143,79 por hectare. O plantio de soja no estado ocupa 12,66 milhões de hectares, com 60% da área dedicada à soja transgênica. Um hectare corresponde a 10.000 metros quadrados.
Fonte: Estado de Minas, publicado em 19/01/2024
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