USO E APLICAÇÃO

IAC-Quepia inicia pesquisa sobre resíduos de agroquímicos em EPI


Um trabalho científico de alta relevância para o agronegócio começa no laboratório avançado do programa IAC-Quepia, na cidade paulista de Jundiaí. A cargo do pesquisador Hamilton Ramos, o estudo investiga parâmetros de segurança e qualidade de vestimentas de proteção agrícola. A iniciativa revelará em que medida esses equipamentos, vendidos em todo o mundo, retêm agroquímicos, e também qual a melhor forma de descartá-los ao final do prazo de validade.

Financiada com recursos a fundo perdido da entidade francesa UIPP – Union des Industries de la Protection des Plantes -, a pesquisa conta com a participação da acadêmica Anugrah Shaw, da Universidade de Maryland (EUA). A meta concluir o estudo no prazo de um ano.

Shaw tornou-se conhecida no Brasil por ter sido coautora de um estudo que propõe alterações na norma internacional ISO aplicada a equipamentos de proteção individual para a agricultura – trabalho igualmente empreendido em parceria com o cientista Hamilton Ramos. O brasileiro é o coordenador do programa IAC-Quepia e pesquisador científico do Centro de Engenharia e Automação do Instituto Agronômico (CEA-IAC), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de SP.

“Por mais modernidade que haja hoje na agricultura global, ainda não se sabe ao certo o que fazer com vestimentas protetivas após o vencimento da validade”, revela Ramos. “Conhecer fraquezas e fortalezas de matérias-primas utilizadas na fabricação desses produtos, e também os produtos que funcionam a contento, trará ganhos de sustentabilidade a países agrícolas e ajudará a reduzir a exposição do trabalhador rural a agentes químicos em todo o mundo”, diz Ramos.

“Ao final do estudo saberemos, por exemplo, se vestimentas usadas no Brasil e em outros países devem ser descartadas como lixo comum ou tóxico, ou se não há necessidade de descarte. Parece incrível, mas essa checagem ainda não foi feita, sob o prisma científico, em nenhum lugar”, continua ele.

Membro efetivo do Consórcio Internacional de Qualidade de Equipamentos de Proteção na Agricultura, formado por 10 países, Ramos enfatiza que a nova pesquisa deverá, no futuro próximo, fornecer a base para a adoção de um novo padrão mundial de testes envolvendo a segurança e a qualidade das vestimentas de proteção agrícola.

“O objetivo é exportar conhecimento e debater continuamente com pesquisadores de outros países alternativas tecnológicas que reduzam a exposição do trabalhador rural aos agroquímicos”, afirma o pesquisador.

O programa Quepia completa 13 anos em 2019. A iniciativa une o CEA-IAC à indústria brasileira de vestimentas protetivas, que financia a maior parte dos estudos científicos empreendidos no projeto.

Segundo Ramos, a francesa UIPP está bancando parte da nova pesquisa por ter interesse no compartilhamento do conhecimento gerado pela iniciativa brasileira no âmbito dos principais países agrícolas europeus.

Bureau de Ideias Associadas, Imprensa e Com. Est., 01/03/2019

Fonte Imagem: Reprodução

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