ENTREVISTA
O Agronegócio continuará crescendo em 2018, segundo Marcelo Zanchi diretor da Arysta
O Agronegócio continuará crescendo em 2018, segundo Marcelo Zanchi diretor da Arysta
Marcelo Zanchi é Diretor de Marketing Brasil da Arysta LifeScience, ingressou na empresa em fevereiro de 2013. Antes trabalhou em empresas do agronegócio como Dupont, no cargo de Gerente de vendas e na Timac, como diretor geral de negócios São Paulo. Com mais de 20 anos de experiência na área de Marketing e Vendas, Marcelo é graduado em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal de Santa Maria (RS), com especialização em Desenvolvimento Gerencial e Marketing pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, e MBA em Gestão de Empresarial pela FIA USP.
1. A Arysta está no mercado nacional há mais de quatro décadas e tem acompanhado os desafios técnicos no manejo das culturas. Gradativamente os defensivos biológicos estão ganhando espaço na agricultura. Como você enxerga que o mercado brasileiro está reagindo à entrada dos biológicos? Quais são as principais dúvidas dos produtores rurais ao se depararem com essa nova linha de produtos?
A introdução de tecnologias de controle biológico não é novidade no Brasil e já existe desde 1980, mas na época ainda de maneira amadora. Nos últimos anos, aumentou a busca por produtos mais sustentáveis, que não agridem o meio ambiente e preservem os inimigos naturais, produtos que são mais seguros e que reduzam os níveis de resíduos nas plantas. A entrada das grandes empresas de defensivos agrícolas nesse mercado tende a tornar a divulgação, a transferência e a adoção das tecnologias de biocontrole mais rápida, abrangente e eficaz. A visão da Arysta é que esse movimento não regredirá. O mercado mundial demanda cada vez mais a sustentabilidade na agricultura.
Acredito que as maiores dúvidas dos agricultores hoje, estão em saber como realizar o manejo de pragas e doenças associando os defensivos convencionais com as biossoluções de maneira a otimizar controle considerando as melhores janelas de aplicação e uso. E como atender essa demanda? Indo a campo, com pesquisa, com profissionais preparados e fazendo acompanhamento constante, próximo ao agricultor. Isso nos traz informações sólidas de como monitorar, de como utilizar os produtos e como otimizar o uso dentro de um manejo racional e sustentável.
Lembrando que a Arysta LifeScience acredita que a integração de Biossoluções (biocontrole e fisioativadores) com os defensivos agrícolas tradicionais é o que torna eficiente esse manejo – o que denominamos de programa PRONUTIVA. A alternância de produtos proporciona ganho de eficiência e minimiza resíduos, além de propiciar um melhor manejo da resistência de pragas e doenças. Isso traz uma série de ganhos para o meio ambiente, para o agricultor, para indústria, mas principalmente para o consumidor. A ideia de levar alimentos saudáveis e avançar o processo de produção de forma mais sustentável é o principal objetivo da Arysta, gerando alimentos de melhor qualidade e ganhos de produtividade e lucratividade para os agricultores.
2. Lentamente estão surgindo novas propostas, leis e revisões com o objetivo de facilitar o registro e a liberação de novos defensivos no Brasil. Até o momento como a Arysta tem visto essas mudanças? Ela irá contribuir para aumentar a competitividade do Brasil?
Há um movimento hoje entre os órgãos governamentais que atuam no registro e liberação de novos produtos para cada vez mais agilizarem os processos. De fato, o processo brasileiro precisa sofrer uma modernização para que ele se torne mais ágil, principalmente quando são novos ativos, novas formulações e misturas de produtos que visam uma maior eficiência no controle de pragas, doenças e ervas daninhas. Porém existe uma preocupação para que esse processo não se banalize e produtos em não conformidade ou tecnicamente não embasados sejam registrados sem o devido controle, ou seus resultados e qualidade comprovados.
Competitividade é inerente aos mercados, e agilizar o processo de registro de novos produtos não necessariamente fará com que isso aumente ou diminua. A agricultura brasileira, a indústria e a cadeia de produção de alimentos no Brasil são bastante eficientes e eficazes em termos de produtividade, além de aumentar a disponibilidade de alimentos no Brasil para exportação.
A indústria já compete de uma maneira saudável, de uma maneira a reduzir os custos de produção dos agricultores. O que nós temos que lembrar é que trazer uma maior efetividade de custo para o agricultor não significa necessariamente ter uma canibalização de preços por meio de um aumento descontrolado nos registros de um grande número de genéricos, por exemplo. O que temos de focar é em como podemos aumentar a produtividade, qualidade e consequentemente, a rentabilidade dos agricultores de maneira a reduzir os custos por unidade produzida através de tecnologias e soluções adequadas, muitas já disponíveis e ainda não adotadas, como as Biossoluções mencionadas.
3. Muitos produtos importados da China estão passando por reajustes de preços e também diminuição de oferta no mercado devido às inspeções realizadas pelo governo com o objetivo de diminuir a poluição nas cidades chinesas. Como a Arysta foi impactada por essa nova política? Na sua visão, é possível que a Índia se torne mais competitiva e ultrapasse a China no mercado de defensivos?
A agricultura mundial passará por uma grande mudança em termos de disponibilidade de ativos e de formulados oriundos da China. Não apenas na cadeia de fornecimento, mas também no custo desses produtos. Tivemos nos últimos meses um aumento significativo em praticamente todas as moléculas oriundas da China ou de algum componente do processo de produção dos produtos formulados. Isso afetou de alguma maneira a praticamente todas as empresas do mercado, mesmo que indiretamente.
A Arysta, de maneira geral, foi pouco afetada uma vez que temos nosso portfólio proprietário baseado em ativos e formulados oriundos da Europa, Japão, África, América do Norte e Índia. Fomos afetados em menor grau por produtos que adquirimos através de negociações B2B (Alianças).
A Índia e a China são dois grandes players nesse mercado mundial de produção de agroquímicos, é difícil predizer se a Índia terá folego e infraestrutura suficiente para ultrapassar a China. A médio prazo com certeza não, pois a China, mesmo com restrições governamentais e ambientais, ainda apresenta um forte parque fabril e uma incomparável capacidade de recuperação.
4. A Arysta durante 2017 anunciou uma parceria com a DuPont para expandir o desenvolvimento de inseticidas foliares. De que modo você vê a competitividade dentro do mercado nacional de defensivos após as grandes fusões consolidadas?
O processo de consolidação ou cooperações da indústria está fortemente baseado na necessidade das empresas se tornarem mais eficientes e otimizarem os processos de descobrimento, desenvolvimento e produção de novas moléculas, reduzindo custos. É importante destacar que este processo está cada vez mais oneroso, podendo chegar a casa dos 400 Milhões de Dólares, com um tempo total até a aprovação do Registro, bastante longo (diminuindo o retorno sobre investimento) e com uma legislação de proteção cada vez mais frágil.
Na questão da competitividade, no que tange às indústrias e ao portfólio de produtos destas, acredito que mudará muito pouco, pois a demanda por parte dos agricultores, está baseada na efetividade dos produtos comerciais que vão ao campo e que atenderão uma demanda específica para o controle de pragas, doenças e de ervas invasoras.
O que pode ocorrer de uma forma muito intensa é uma mudança no modelo de distribuição dos produtos. A concentração da indústria vai levar necessariamente a uma concentração do sistema de distribuição no Brasil, o que já está acontecendo de maneira muito forte. Esse processo sim deverá mudar completamente o modo como toda a cadeia de defensivos agrícolas se relaciona e como terá que atuar para chegar até o agricultor com soluções cada vez mais sustentáveis e eficientes.
5. Em sua visão, quais são as projeções para o mercado nacional de defensivos para o próximo ano? Você acredita que em 2018 haverá o crescimento do setor?
O mercado de defensivos agrícolas está passando por um processo de concentração da indústria e do sistema de distribuição e por uma necessidade de redução dos inventários de produtos que ficaram nos estoques devido a uma menor pressão na ocorrência de pragas e doenças nas últimas duas safras. Esse volume de produtos que é comercializado da indústria para o sistema de distribuição tende a ser ainda conservador em 2018, mas acreditamos que será sim melhor do que em 2017, em produtos aplicados no campo.
Porém ainda é difícil de determinar com que intensidade. Vamos entrar no pico do plantio e dependerá de como será o desempenho desse mercado de agora até o final do ano. Os fatores mais determinantes serão o comportamento do clima e os níveis de pressão de pragas e doenças nesta nova safra.
Como um todo, o Agronegócio continuará crescendo em 2018 e manterá sua liderança na Balança Comercial Brasileira, afinal somos um país que tem como vocação produzir alimentos e alimentar o mundo!
Sobre a Arysta
A Arysta LifeScience é uma empresa agrícola global especializada na comercialização e distribuição de inovadoras tecnologias de proteção de plantas e ciências da vida. Com mais de 200 ingredientes ativos, a Arysta LifeScience possui um portfólio biológico e químico bem integrado para fornecer soluções completas aos agricultores. A ampla gama de ofertas da empresa inclui produtos de Biossoluções, Fungicidas, Herbicidas, Inseticidas e Tratamento de Sementes. A Arysta LifeScience conta com mais de 3.000 colaboradores em 60 países para atender as necessidades dos nossos clientes globalmente. Em 2016 a empresa teve receitas de US$ 1,8 bilhão.
Equipe Global AgroChemicals, 31/10/2017