ENTREVISTA
CEO da SkyDrones, Ulf Bogdawa, fala sobre a evolução do uso de drones na agricultura brasileira
1. O Agronegócio no Brasil tem uma expressiva participação na economia do país, com culturas como soja e cana-de-açúcar movimentando o mercado nacional e internacional. Com isso, os produtores rurais cada vez mais investem em técnicas e aplicações para elevarem a produtividade das lavouras. Dessa forma, quais são os produtos e serviços oferecidos pela Skydrone que contribuem para essa melhoria? Qual é o mais indicado para aplicação de defensivos?
Realmente o agronegócio já está perto de 1/3 do nosso PIB e está cada vez mais intensivo no uso da tecnologia. Em nossa experiência de 12 anos, já pudemos comprovar que o produtor não tem um grande interesse na tecnologia em si, mas nos resultados que ela proporciona. Por este motivo, a tendência é a resolução dos problemas como foco e a tecnologia como meio. Este fato resultou na fundação da SkyAgri, uma empresa que utiliza a tecnologia de modo transparente para o produtor (o produtor não se envolve com ela) para resolver os problemas da maneira mais eficaz possível. Esta tendência, pelo menos na tecnologia dos RPAS (Vants e Drones), é o resultado do atual estágio tecnológico que ainda está em mudança constante tornando o acompanhamento desta evolução algo muito difícil para um agricultor cujo “core business” é produzir. Nesta leva tecnológica onde podemos extrair informações a partir de imagens georreferenciadas, a aplicação localizada (catação) de produtos químicos apenas nos locais e quantidades necessárias por meio de drones de pulverização como o nosso Pelicano, geram economias de produtos químicos e seguranças ambientais substanciais.
2. O surgimento de veículo aéreos não tripulados (VANT) teve início no século 19, sendo desenvolvidos para fins militares. Além disso, os VANT’s (drones) vem ganhando cada vez mais espaço no setor agrícola. Quais as perspectivas de crescimento de drones para aplicação de defensivos nas lavouras brasileiras?
A SkyDrones que atuou ativamente na elaboração da regulamentação do uso comercial dos RPAS (Vants e Drones), a RBAC-E nº 94/2017, está atuando na normativa que está sendo escrita pelo MAPA para regulamentar o uso dos drones de pulverização levando em conta o conhecimento necessário do operador de aplicação sobre o manuseio de defensivos agrícolas. Este segmento tem muito a crescer pois, em sua fase inicial, visa diminuir o uso do pulverizador costal no campo, aumentando a eficácia e controle da aplicação além de retirar o trabalhador de dentro do talhão e do contato direto com os produtos tóxicos. Em 2 a 4 anos podemos esperar o uso de drones de pulverização das classes 2 (até 150kg).
3. A capacidade e autonomia de um drone são as principais especificações que podem tomar de parâmetro na compra de um equipamento. Como estão evoluindo essas características e o que podemos esperar nas próximas gerações de drones?
Pela atual legislação vigente, apenas drones de classe 3 (até 25kg) podem ser operados sem que a aeronave seja homologada e sem que o piloto tenha habilitação de piloto comercial. Por este motivo só podemos carregar 10 kg de produto químico resultando em uma produtividade média de 1 ha por voo (10l/ha). Já existe tecnologia para aeronaves muito maiores. O que nos limita no momento é a complexidade e o custo da homologação além da extrema falta de estrutura e lentidão dos órgãos regulamentadores Brasileiros.
4. Mesmo com uma área de produção agrícola muito grande, o uso de drones no Brasil ainda é bem pequeno. Quais países já se destacam no uso destes veículos aéreos? Cite alguns exemplos de sucesso em algumas regiões que os adotam.
Apenas na China, que possui na sua grande maioria áreas muito pequenas, existem pelo menos 20.000 drones de pulverização em operação. A tecnologia é nova e o Brasil é um grande usuário desta tecnologia. Com certeza, assim que as reformas do congresso destravarem a nossa economia, seremos um dos maiores players no segmento agro.
5. A agricultura de precisão tem ganhado força nos últimos anos, oferecendo tecnologias e ferramentas que colaboram com rendimentos dos cultivos. Dessa forma, quais benefícios na aplicação de defensivos com drone para esta nova forma de aplicação precisa?
É exatamente nas empresas que utilizam técnicas de agricultura de precisão que os resultados com os pulverizadores são úteis em áreas extensas. Colocando de outra maneira, um produtor de cana que possui 10, 20 ou 100 mil ha plantados com certeza não se beneficia do drone de pulverização, que pulveriza apenas um ha por voo, se este não tiver a capacidade de aplicar o produto químico em locais específicos, como por exemplo nas reboleiras/mamonas.
6. Quais são as formas que a Skydrone vem adotando para aumentar a visibilidade do uso de drones no agronegócio nacional? Quais feiras ou outros eventos que promovem este tipo de tecnologia que os produtores rurais poderiam frequentar?
A SkyDrones é a primeira empresa de veículos não tripulados do mundo a se associar a um sindicato de aviação agrícola tripulada. Deste modo começamos a “trabalhar” o mercado de aviação agrícola para utilizar esta nova ferramenta para complementar seus trabalhos. Hoje existem diversos locais no Brasil com proibição de voo agrícola, seja por leis estaduais ou por proximidade de locais de proteção ou população (avião só pode aplicar até uma faixa de 500m destas áreas). Este ano estaremos no congresso do SINDAG além de diversas outras feiras regionais do agro.
Equipe Global Crop Protection
Fonte imagem: Reprodução