MERCADO
Custo alto inibe lançamento de novas moléculas de agroquímicos para hortifruti
A relação custo-benefício é um dos maiores entraves ao desenvolvimento de novas moléculas de agroquímicos voltados à hortifruticultura e outras cadeias menores, que produzem alguns dos alimentos mais consumidos no cotidiano das pessoas. O quadro, segundo os pesquisadores, muitas vezes expõe as culturas a riscos diversos e foi debatido em evento que reuniu cerca de 90 pesquisadores do Brasil e do exterior, em Uberlândia (MG), na terça-feira (12/11).
“Três bilhões de pessoas têm uma dieta que é insuficiente ou inadequada para suprir as necessidades nutricionais, algo que frutas e vegetais atenderiam. O mundo todo está preocupado com o aumento do consumo de frutas e hortaliças, mas para fazer isso nós temos que dar segurança tecnológica e jurídica para nossos produtores. E essa segurança jurídica passa por ter moléculas de defensivos agrícolas que sejam registradas para as minor crops”, disse o presidente da Empresa Brasileira de Agropecuária (Embrapa), Celso Moretti.
Ele ainda lembra que o Ministério da Agricultura (Mapa) publicou, em 2010, uma Instrução Normativa que permite a extensão de uso de agroquímicos de outras culturas nas minor crops. Para ele, essa medida ajuda, uma vez que para realizar o registro de molécula para determinada cadeia produtiva é calculado o custo do registro, o tempo para efetivá-lo e o potencial de retorno financeiro.
“Se a relação custo-benefício não é favorável, eles não registram. Essa instrução normativa veio ajudar, mas ela não resolve totalmente a situação. A gente precisaria sentar com os diferentes elos do setor produtivo para ver como contornar essa situação, onde a gente tem uma demanda real de uma cadeia produtiva, mas em função do custo e do payback que vai ter depois, não vale a pena se registrar”, diz o presidente da Embrapa.
Líder da divisão agrícola da Bayer, uma das maiores empresas detentora de patentes de defensivos agrícolas no mundo, Gerhard Bohne, reforça a análise de Moretti. “Há uma grande limitação do custo de desenvolvimento de tecnologias e grandes barreiras de registro. O sistema de registro no Brasil, com Anvisa, Ibama, Mapa, é um dos mais severos do mundo, com alto custo e alta demora. Com todas as exigências legais, que nós somos a favor, ficou muito caro trazer inovações para essas culturas”, ele explica.
Fonte: Globo Rural, 13/11/2019