Impactada por mudanças cambiais e alta de preços, o custo da produção de soja e de milho no Estado deve ter uma alta de mais de 25% na safra 2021/2022. O resultado da primeira estimativa de custos para a safra que começa este ano foi divulgado pela Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS).
O agricultor que cultiva soja deve desembolsar R$ 3.098,25 por hectare, um aumento de 29,98% em relação à safra 2020/2021, uma diferença de R$ 714,70. Já o custo total da lavoura ficou em R$ 4.800,76 por hectare, crescendo 31,78% em comparação ao valor de R$ 3.643,02 da temporada passada. De acordo com a FecoAgro, essa é a relação de troca – diferença entre custo de produção e valor obtido pela venda – mais favorável desde a safra 2012/2013. Para que o produtor cubra o desembolso precisa vender 18,78 sacas de soja a um preço médio de R$ 51,64 a unidade, e para cobrir o custo total terá que vender 29,1 sacas a um preço médio de R$ 80,01.
O custo operacional por hectare do milho ficou em R$ 4.549,94, um aumento de 27,36% (R$ 977,49) por hectare. O custo total de produção é de R$ 6.625,43, com valor de R$ 1.590,85 maior em comparação ao ano passado. Para cobrir o desembolso, o produtor vai ter que colher 51,7 sacas de milho, na atual cotação média de R$ 88,00, e vai precisar colher 75,29 sacas para cobrir o custo total, melhor relação de troca desde a temporada 2011/2012. Segundo o presidente da FecoAgro/RS, Paulo Pires, caso os preços e custos projetados se mantenham, o produtor rural terá rentabilidade maior na cultura do milho do que na soja.
Com a desvalorização do real perante moedas de países desenvolvidos como o dólar e o euro e a alta dos preços dos principais produtos agrícolas levaram a um crescimento dos custos dos fertilizantes e outros insumos como agroquímicos, fazendo com que o agricultor desembolse ainda mais. Somado a isso, fatores como o aumento no preço dos combustíveis e de máquinas e equipamentos contribuíram para que o valor desembolsado aumentasse.
De acordo com o levantamento, o produtor está mais capitalizado neste ano, mas deve ter cautela por causa dos momentos cíclicos de bons preços no mercado, que é volátil e pode causar riscos. A recomendação é que se invista no seguro agrícola como proteção, e tente “travar” os custos para manter a sustentabilidade da produção neste momento. O estudo foi conduzido pelo diretor técnico da FecoAgro, o economista Tarcisio Minetto.
A estimativa, assim, é de outro ano positivo para o agronegócio. No ano passado, o setor ainda se recuperava do impacto causado pela estiagem que atingiu a safra 2019-2020, mas, de todas as atividades produtivas, foi a que passou quase incólume aos impactos da pandemia na economia. A produção de soja na safra 2020/2021 teve aumento de 80,02%, indo de 11,2 milhões de toneladas para 20,2 milhões. Já o milho subiu 4,16%, chegando a 4,32 milhões de toneladas.
Fonte: Jornal do Comércio, 18/05/2021