MERCADO

Elevação cambial do dólar encarece insumos agrícolas


Se por um lado o Real desvalorizado aumenta os ganhos com exportações de grãos como milho e soja em dólar, a valorização da moeda norte-americana puxa para cima os preços dos insumos, em sua maioria importados.

Com os produtos da safra de inverno já adquiridos e prontos para ir a campo, o produtor que tem ido às compras planejando a próxima safra de verão (2021/22) tem se surpreendido com o aumento do preço dos insumos, em especial de fertilizantes e agroquímicos.

“Tinha um produto para algodão que assustou. Fiz uma compra em fevereiro que paguei R$ 50/litro. Um mês depois estava R$ 58, deu quase 20% de aumento. No geral, os aumentos são meio repicados, não tem aquela alta generalizada, mas aos poucos”, observa o produtor e presidente do Sindicato Rural de Cambará, na região do Norte Pioneiro paranaense, Aristeu Sakamoto.

A percepção do dirigente reflete os números do mercado. No caso dos agroquímicos, a desvalorização do câmbio foi a responsável pela alta nas prateleiras. De modo geral, o mercado de defensivos apresentou uma queda no custo em dólar de 16%, mas, em real, um aumento na casa de 15% a 20%.

A queda no preço destes produtos em dólar se explica por alguns fatores. Em 2020 os estoques estavam um pouco elevados, além da forte concorrência interna e a entrada de novos players neste mercado. Só no ano passado, 493 produtos novos foram registrados no Brasil, o que acabou restringindo e limitando os reajustes dos preços em dólar.

Quando analisados os dados da produção paranaense coletados por meio do Projeto Campo Futuro, da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), é possível notar até um certo recuo no custo dos defensivos. Na região de Guarapuava, Centro-Sul, a soma dos gastos com herbicidas, inseticidas e fungicidas em uma propriedade modal de soja foi de R$ 900,70 por hectare em janeiro de 2021. O custo dos mesmos produtos no mesmo mês de 2020 foi de R$ 916,45.

Apesar do aumento do preço dos fertilizantes e agroquímicos, a relação de troca por sacas de soja e de milho se mostra bastante favorável para o agricultor. De acordo com o Campo Futuro, hoje a relação está em torno de 28 sacas de milho por tonelada de KCl (cloreto de potássio) e 31,5 sacas por tonelada de ureia. Para efeito de comparação, em janeiro de 2020, essa relação estava por volta de 45 e 42 sacas, respectivamente.

Do lado dos agroquímicos, a conta também está boa para quem produz. Em janeiro deste ano, a relação de troca do Glifosato, um dos herbicidas mais utilizados nas lavouras paranaenses, era de 0,23 saca de milho por uma unidade do produto. Em janeiro de 2020, essa relação era de 0,36 saca por unidade. Da mesma forma, inseticidas como Cipermetrina e Tiametoxam, que eram trocadas na proporção de 1,14 e 11,15 sacas de cereal por unidade do produto no início de 2020, hoje são trocadas por metade desta quantidade, 0,51 e 5,44 sacas por unidade, respectivamente. Ou seja, menos sacas compram muito mais produtos atualmente.

“O preço do milho subiu bastante, acredito que um pouco mais que os insumos. Mas sabemos que quando o milho quanto a soja sobem, tendem a estabilizar e já caem de preço. Mas os insumos sobem e não caem de preço na mesma velocidade”, observa Nelson Paludo, produtor de Toledo.

Segundo ele, é fundamental que o produtor conheça os números do seu negócio. “A estratégia é sempre verificar quantas sacas de soja você precisa para pagar o custo do hectare. Então, o produtor precisa estar atento às possibilidades de fazer uma boa troca do insumo pelo produto da venda. A administração de uma propriedade se faz com resultados. E para ter resultado tem que vender bem e comprar bem também”, finaliza Paludo.

Fonte: Agrolink, 01/04/2021

Fonte da Imagem: Imagem de emersonbegnini por Pixabay.

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