USO E APLICAÇÃO
Uso de manejo integrado reduz custos e aumenta eficácia no controle de plantas resistentes

O manejo integrado de plantas resistentes tem se consolidado como a principal alternativa para enfrentar o crescente desafio das plantas daninhas resistentes a herbicidas. Esse tipo de resistência, cada vez mais comum em áreas agrícolas brasileiras, compromete a produtividade, aumenta os custos e ameaça a sustentabilidade do sistema produtivo.
A abordagem integrada combina diferentes estratégias de controle — químico, biológico e cultural — com foco na diversificação e na rotação de práticas para reduzir a pressão de seleção. Entre os principais erros cometidos no campo estão o uso repetitivo de herbicidas com o mesmo mecanismo de ação, aplicações em doses incorretas e o controle apenas após a infestação já estar instalada.
De acordo com o pesquisador Eduardo Pitelli, da Unesp de Jaboticabal, a dependência excessiva de poucos herbicidas é um dos maiores fatores que favorecem a resistência. “Ainda há muito produtor que aposta sempre na mesma molécula, sem rotação e sem considerar o histórico da área”, afirma o especialista. Isso acaba favorecendo a seleção de biótipos resistentes, especialmente em espécies como buva (Conyza spp.), capim-amargoso (Digitaria insularis) e caruru (Amaranthus spp.), hoje entre as principais ameaças à produtividade agrícola no Brasil.
O manejo integrado de resistência propõe a união de práticas preventivas e corretivas, como o uso de plantas de cobertura, semeadura direta, consórcios e até inimigos naturais de plantas daninhas. Técnicas como a rotação de culturas e a adoção de cultivos com sombreamento natural também contribuem para reduzir o banco de sementes daninhas no solo.
Segundo a engenheira agrônoma Marília Dantas, consultora em sistemas de produção, muitos produtores ainda veem o manejo integrado como algo caro ou complexo, quando na verdade ele é uma forma de reduzir gastos a longo prazo. “O uso planejado e diversificado de ferramentas de controle é mais eficaz e menos custoso do que tentar resolver tudo com herbicidas”, explica. A especialista reforça que o controle integrado de plantas daninhas precisa ser entendido como uma estratégia de sistema, não como ação pontual ou emergencial.
Estudos do Cepea/Esalq mostram que propriedades que adotam práticas integradas tiveram uma economia média de 30% nos custos com herbicidas em ciclos produtivos de três a cinco anos. Além disso, houve ganhos em produtividade e menor risco de reinfestação.
A viabilidade do manejo integrado em pequenas propriedades é outro ponto em destaque. De acordo com a pesquisadora Juliana Azevedo, da Emater-MG, é possível sim aplicar técnicas de manejo integrado em áreas menores. “Já temos diversas experiências com pequenos produtores usando cobertura vegetal, capina seletiva, uso de roçadeiras e até liberação de fungos controladores. Tudo depende de assistência técnica e planejamento adequado”, diz.
Exemplos práticos de sucesso reforçam a eficácia do manejo integrado. No Oeste da Bahia, produtores reduziram em mais de 70% a infestação de capim-amargoso após cinco anos de rotação de culturas, uso de milheto como cobertura e controle pré-emergente. Em Goiás, uma cooperativa implantou um programa de manejo coletivo com capacitação técnica e uso combinado de plantas de cobertura e bioinsumos, resultando em maior controle e menor necessidade de aplicação química.
O futuro do manejo integrado de resistência de plantas daninhas aponta para soluções mais sustentáveis, com o uso crescente de bioinsumos, tecnologias digitais, inteligência artificial para mapeamento de áreas críticas e monitoramento em tempo real. A aposta dos pesquisadores é em sistemas mais resilientes e menos dependentes de químicos.
O manejo integrado de plantas resistentes se mostra como caminho viável e estratégico para preservar a rentabilidade das lavouras, proteger o meio ambiente e garantir a longevidade das tecnologias de controle. O desafio agora é ampliar o conhecimento técnico e fortalecer a assistência aos produtores para adoção eficaz dessa abordagem.
Fonte: Agrolink, publicado em 04/09/2025
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