NOVAS TECNOLOGIAS

Muitas novidades no maior seminário brasileiro sobre variedades de cana


Sem o devido planejamento para elaboração do plantel varietal visando a formação do canavial poderão incorrer prejuízos significativos por, no mínimo, cinco ou seis cortes, ou até a necessidade de renovação antecipada do canavial. Muitos equívocos acontecem por falta de informação, por exemplo: uma variedade colhida antecipadamente, fora de sua época de corte, pode apresentar perdas de 10 a 12 quilos de ATR (Açúcar Total Recuperável) e a redução de até 15 toneladas de cana por hectare.

Para discutir e mitigar esses problemas, o Grupo IDEA criou o evento Grande Encontro sobre Variedades de Cana-de-Açúcar, com o objetivo principal de difundir conhecimento e conscientizar os profissionais do setor quanto à importância dos temas ligados às variedades de cana.

A 13ª edição do Grande Encontro aconteceu nos dias 16 e 17 de outubro, em Ribeirão Preto, SP. “Foram mais de 12 horas de muito conteúdo especializado. Tenho certeza de que todos voltaram para suas cidades com o conhecimento enriquecido e prontos para colocar as lições aprendidas em prática em suas unidades agroindustriais e fazendas”, destaca Dib Nunes Jr., presidente do Grupo IDEA.

Novas variedades e seus potenciais foram destacadas durante o Grande Encontro. A Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético (RIDESA) anunciou o pré-lançamento de seis novas variedades de cana-de-açúcar, que cobrirão a maioria dos ambientes de produção e épocas de colheita. São elas: RB005983, RB015935, RB975375, RB005014, RB975033 e RB015177.

O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) apresentou suas novas variedades de alto desempenho, que devem chegar ao mercado nacional nos próximos meses. A CTC9006 (CT022278) foi selecionada e desenvolvida exclusivamente em ambientes restritivos na região de Araçatuba/SP. Esta variedade apresenta maturação média e com elevada sanidade e alta produtividade agrícola. A outra novidade é a CTC9007 (CT049005), selecionada em Goiás, possui alto teor de sacarose e apresenta alta produtividade ao longo da safra.

Já o Centro de Cana do Instituto Agronômico (IAC) falou sobre o comportamento de suas variedades no Centro-Oeste brasileiro. Apresentou como casos de sucesso o trabalho realizado nas usinas goianas Jalles Machado e Denusa e a Itamarati, em Mato Grosso. No exemplo da Jalles Machado, com duas unidades produtoras em Goiás, além de fornecer materiais modernos e produtivos, o Centro de Cana tem auxiliado na implantação da “Matriz do Terceiro Eixo”.

A Granbio apresentou a Vertix 3, sua mais nova variedade de cana-energia do tipo 1: um material rústico com características intermediárias entre a cana-energia e a cana convencional. O diretor agrícola da companhia, José Antônio Bressiani, explicou que essa variedade de cana-energia não é tão fibrosa nem produz tão pouco açúcar. Características essas que permitem um plantio em ambientes restritivos (D e E), o alcance de altas produtividades e a geração de energia na entressafra. Outro destaque é a possibilidade de ser processada junto com a matéria-prima tradicional da usina.

Matriz do Terceiro Eixo, florescimento e doenças foliares também foram destaques da programação.

O Grande Encontro de 2019 explorou intensamente o tema “Matriz do Terceiro Eixo”, sistema que vem ganhando cada vez mais espaço no setor e que consiste em colher os canaviais seguindo uma lógica de idade, iniciando a safra com as canas de estágios de corte mais novos e finalizando com canaviais mais velhos. Apesar de diversas restrições como a necessidade antecipada de liberação de áreas para reforma e plantio de grãos, liberação de área para aplicação de vinhaça, necessidade de colher cana de fornecedores, limitações de logística e frota, área de maturadores, áreas com risco de incêndio etc. este método mostrou-se bastante conceitual, porém pode ser parcialmente utilizado como uma das diversas estratégias existentes no Sistema de Blocos de Colheita. Este por sua vez se mostrou o preferido dos grupos Raízen, Téreos, São Martinho e Atvos durante o debate sobre manejo varietal realizado ao final do evento.

O florescimento foi outro assunto bastante debatido ao longo dos dois dias de evento. Para tentar barrar os danos decorrentes do fenômeno, diversas fabricantes de inibidores de indução ao florescimento, apresentaram suas soluções. Foram apresentados resultados dos produtos estimulantes de crescimento e adubos foliares com notável o incremento de produtividade entregue pelos produtos.

As doenças que atacam a cana-de-açúcar tiveram seu espaço reservado. Uma das apresentações ficou a cargo do fitopatologista Álvaro Sanguino, que alertou os presentes sobre os perigos do Colletotrichum falcatum, fungo responsável pela podridão vermelha e que tem se alastrado rapidamente pelos canaviais do Centro-Sul. Atualmente, há relatos de fortes infestações no Triângulo Mineiro, Mato Grosso do Sul e interior paulista.

Embora seja um velho conhecido da cultura, o Colletotrichum falcatum tem, nos últimos anos, encontrado uma nova forma de ataque, não necessitando mais da broca-da-cana (Diatraea saccharalis) ou de nenhuma outra praga para adentrar a cana-de-açúcar. “É uma doença sistêmica, que acompanha a planta desde a ponta da raiz até a folha, podendo matar a brotação da soqueira e ocasionar o ressecamento de colmos. A infestação pode chegar a reduzir a produtividade e o teor de açúcar em até 40%”, alertou Sanguino.

Ainda, o público do 13º Grande Encontro Sobre Variedades de Cana-de-Açúcar pode conhecer mais a fundo como é o manejo varietal realizado pelos grupos Raízen, São Martinho, Téreos e Atvos. Que comprovaram que o uso da gestão estratégica das variedades traz retornos significativos.

Fonte: Grupo IDEA

Fonte da imagem: Imagem cortesia de Good-start no FreeDigitalPhotos.net 

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