Organizado pela AllierBrasil Consulting e CCPIT CHEM, instituição governamental da China, o 15º Brasil AgrochemShow reuniu aproximadamente 800 participantes de 13 países no Expo Center Norte, em São Paulo, nos dias 13 e 14 de agosto.
O evento contou com apoio institucional da Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal – Abisolo e da Ama Brasil – Associação Misturadores de Adubo do Brasil. Foram arrecadadas 11 toneladas de cestas básicas, recolhidas como pagamento das inscrições do evento. As cestas serão doadas para a instituição de caridade Crê-Ser.
Visando promover o desenvolvimento de parcerias entre empresas estrangeiras e locais do mercado de agroquímicos, o evento contou com exposição e palestras especializadas sobre tópicos importantes no agro.
Palestras – 13 de agosto
No primeiro dia, especialistas em agronegócio e no mercado de pesticidas discutiram sobre as perspectivas brasileiras, chinesas e peruanas sobre o agronegócio e o setor dos agroquímicos.
Abrindo as palestras, o Secretário de Defesa Agropecuária do MAPA, Carlos Goulart, frisou a necessidade de garantir que o que é comercializado, importado e trabalhado no Brasil tenha qualidade. Para tanto, o MAPA está trabalhando na informatização de um sistema de rastreabilidade que deverá ser implantado até o final de 2024. Segundo Goulart, outra frente de atuação da Secretaria de Defesa Agropecuária é o combate ao contrabando de pesticidas, realizado em conjunto com a Receita Federal, a Polícia Federal e o Governo Federal. O secretário também destacou o projeto de bioinsumos promovido pelo MAPA, um dos principais temas atuais para a área regulatória.
Em seguida, Filipe Guimarães, diretor de marketing de produtos para a América Latina da Syngenta Proteção de Cultivos apresentou um panorama sobre as tendências e desafios do mercado de pesticidas, destacando que o mercado brasileiro de defensivos agrícolas cresceu 10 vezes desde os anos 2.000, mas que hoje esse mercado vem perdendo velocidade. Guimarães chamou atenção para o caráter cíclico do mercado, que passa por oscilações e quedas sazonais.
Na sequência, Luiz Fernando Figueiredo, presidente da Jive Investments e ex-diretor de política monetária do Banco Central do Brasil. Figueiredo discorreu sobre o “Panorama da Economia Brasileira”, onde detalhou o grande pacote de reformas adotado pelo Brasil na última década. Segundo Figueiredo, tem sido difícil estimar o desempenho da economia brasileira em função das alterações realizadas nas áreas tributária, trabalhista, etc.
Outro destaque do dia ficou com Adeney Bueno, pesquisador em entomologia da Embrapa Soja, que falou sobre a importância do Manejo Integrado de Pragas na cultura da soja, destacando a necessidade de uma abordagem variada no controle de pragas, com ênfase em práticas sustentáveis. Segundo Bueno, a participação dos produtos biológicos para controle de pragas tende a crescer ainda mais, já que o país tem 25% da biodiversidade mundial. Mesmo assim, toda ferramenta de controle de pragas, seja química ou biológica, “deve ser utilizada somente quando for necessário”.
Os presentes também puderam conhecer sobre o setor de agroquímicos e biológicos na China, com a palestra de Jalen Fan, vice-diretor da Divisão 1 do CCPIT CHEM. Ele comentou sobre registros e empresas de pesticidas formulados e técnicos. Segundo Fan, mais de 600 registros foram cancelados na China, enquanto pesticidas como Ometoato, Carbofurano, 2,4-D Butilado, Paraquate e outros passaram por restrições ou foram banidos.
Em seguida, Zhang Jinlong, pesquisador, discorreu sobre a evolução do setor agroquímico na China e a resistência do setor aos retrocessos, apresentando um panorama das circunstâncias atuais do setor. Ele abordou os casos recentes de escassez devido a paralisações do setor, e frisou a importância das empresas chinesas pelo papel desempenhado no setor agroquímico global. Ao final, Zhang falou sobre a consolidação da indústria no país, e o momento atual de fusões e aquisições.
Fechando o primeiro dia, Vanessa Del Pilar Mendoza, gerente geral da Agro Advice Perú, explicou sobre o processo de registro de pesticidas no Peru. Mendoza mencionou as regulamentações andinas para o registro de pesticidas, destacando a Resolução 2.075, o “Manual Técnico Andino para o Registro e Controle de Pesticidas Químicos para Uso Agrícola”. Segundo ela, o processo envolve três autoridades regulatórias: o Serviço Nacional de Saúde Agrária do Peru, a Direção Geral de Assuntos Ambientais Agrícolas e a Direção Geral de Saúde Ambiental e Segurança Alimentar.
Palestras – 14 de agosto
O segundo dia contou com palestras sobre uso e registro de agroquímicos, além da importância do trabalho das cooperativas agrícolas para o setor de insumos.
O CEO da Coopercitrus, Fernando Degobbi, iniciou as palestras do dia, apresentando o perfil de um negócio que hoje reúne 39 mil cooperados e 60 mil proprietários rurais, distribuídos por São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. “Nossa proposta de valor é oferecer tudo o que o agricultor precisa. Somos um tipo diferente de cooperativa agrícola: a maioria ganha mais com a originação de grãos, com a verticalização, por exemplo. Nós ganhamos mais com a venda de insumos”, revelou Degobbi.
Em seguida, Tatiane Almeida do Nascimento, chefe da Divisão de Registro de Produtos Formulados do MAPA discorreu sobre a avaliação do registro de produtos formulados no Brasil. Nascimento demonstrou os pontos críticos que devem ser observados para o registro de pesticidas, como a necessidade de estudos de eficiência agronômica em diferentes regiões do país, por exemplo.
O Coordenador Geral de Pesticidas e Produtos Afins do Ministério da Agricultura do Brasil, José Victor Torres, discorreu em sequência sobre o registro de agrotóxicos e a Lei nº 14.785. Torres destacou a linha do tempo das mudanças na legislação de pesticidas no Brasil, que culminaram na Nova Lei de Pesticidas. Torres informou que a lei ainda está em discussão, devendo ser regulada em breve por decretos e normas infralegais. “Agora teremos as regras do ‘jogo’ bem definidas”.
Em seguida, o uso racional de fertilizantes foi tema da palestra do professor de fertilizantes, adubação e fertilidade do solo da Esalq/USP, Godofredo Vitti. Ele destacou a dependência de importação de fertilizantes que o Brasil enfrenta, tendo que comprar NPK (nitrogênio, fósforo e potássio) do exterior. “A fraqueza brasileira está na importação de fertilizantes”, disse o professor. Vitti afirmou que só é possível diminuir erosão, fixação e lixiviação através da adoção de práticas corretas de manejo, para que ocorra crescimento radicular e a absorção de água e nutrientes, evitando solos irrecuperáveis.
O professor de biologia e manejo de plantas daninhas da Universidade Federal da Grande Dourados, Paulo Vinicius da Silva, falou em seguida sobre a dinâmica ambiental dos herbicidas. Silva comentou sobre como os processos de fotodegradação, volatilização, transporte, absorção etc., podem afetar a eficácia e os impactos ambientais dos herbicidas.
Fechando o evento, Flavio Hirata, sócio da consultoria de registro de pesticidas AllierBrasil, apresentou a palestra “Registro de agrotóxicos: tempo, ação judicial, nova lei”, em que ofereceu uma visão geral sobre o longo tempo para aprovação de registros no Brasil, que é o gargalo para o acesso ao mercado. “Um registro pode levar até 10 anos para ser aprovado. E quando o registro é aprovado, pode acontecer que o princípio ativo não seja mais importante para o mercado”, destacou. Hirata comentou as ações judiciais contra as agências reguladoras, que representaram 30% das aprovações de produtos formulados genéricos em 2023, e também apresentou dados sobre cancelamentos de produtos, sendo 177 em 2023.
Fonte: CLAS Comunica
Fonte da imagem: Allier Brasil