MERCADO

Lagarta eleva receita da Arysta no Brasil

Lagarta eleva receita da Arysta no Brasil


O desempenho mais acanhado das vendas de defensivos para cana-de-açúcar, café e laranja no Brasil, motivado pela queda nos preços internacionais dessas commodities, não deve impedir a japonesa Arysta de apurar bons resultados no país em 2013. A multinacional viu disparar sua comercialização de inseticidas para soja por conta da corrida contra a helicoverpa, lagarta que tem atacado lavouras brasileiras de grãos e que causou prejuízos estimados em R$ 2 bilhões na safra passada, a 2012/13.

De acordo com Flávio Prezzi, presidente da companhia para a América Latina, a expectativa é encerrar o ano com um faturamento de US$ 650 milhões na região, crescimento de 14% na comparação com os US$ 570 milhões de 2012. Desse montante, cerca de 70% vêm do Brasil, com negócios nas áreas de proteção e nutrição vegetal. “Os produtores do país vieram fazendo estoques de defensivos desde março para garantir a aplicação na atual safra, tendo em vista que a helicoverpa foi agressiva em certos momentos do ano passado e não havia oferta suficiente”, disse.

Por conta do surto da helicoverpa, a Arysta ampliou em 40% as vendas de inseticidas para soja em 2013, considerando os negócios efetivados até novembro. A empresa tem um agroquímico contra a helicoverpa registrado no Ministério da Agricultura.

Nem todos os créditos, porém, vão para a lagarta. As vendas de herbicidas seletivos para soja também seguem aquecidas. “Há cinco anos, imaginávamos perder muito das vendas por conta do glifosato, mas temos registrado crescimento entre 25% e 30% desde então. Fecharemos 2013 com um incremento de 30%”, afirmou Prezzi.

O glifosato é um tipo de herbicida não-seletivo (capaz de matar todos os tipos de plantas) aplicado em lavouras de soja Roundup Ready (RR), que é geneticamente modificada para resistir ao produto. Em tese, seu uso dispensaria qualquer outro no combate às ervas daninhas, que disputam água e nutrientes com a oleaginosa. Entretanto, tem crescido a resistência dessas plantas indesejadas ao glifosato, o que deu novo impulso aos herbicidas capazes de enfrentá-las, a exemplo do cletodim.

“Na Argentina, somos líderes no mercado de herbicidas seletivos com esse produto. Lá, existe um sério problema com o milho resistente ao glifosato no meio das lavouras de soja”, observou o executivo. No Brasil, o chamado “milho guaxo” (que nasce espontaneamente em meio às plantas de soja) também começou a ganhar maiores proporções, com casos relatados principalmente em Mato Grosso nesta safra, a 2013/14.

Com a explosão da demanda por defensivos para a soja, a Arysta corria o risco de ter que importar ou terceirizar a formulação. A saída foi convencer a matriz no Japão da necessidade de um incremento na infraestrutura de produção no Brasil.

Assim, em outubro deste ano, a companhia começou a colocar em prática um investimento de R$ 6,5 milhões, que deve elevar em 60% a capacidade de fabricação de inseticidas na unidade de Salto de Pirapora (SP). A modernização na unidade permitirá ainda que 100% das embalagens dos defensivos sejam hidrossolúveis (solúveis em água, o que evita o contato de quem manuseia com o produto químico), atendendo a uma regulamentação do governo federal que entrará em vigor em fevereiro de 2014. A expectativa é de que as obras sejam concluídas até agosto do ano que vem. Na última década, o aporte total feito pela empresa na unidade paulista aproxima-se de R$ 10 milhões.

A Arysta detém hoje 4% da fatia de mercado no setor de agroquímicos no Brasil. Além das commodities, a companhia tem uma atuação importante no segmento de pastagem e hortifrutigranjeiros. As operações no país respondem por 25% da receita global da múlti, na casa de US$ 1,6 bilhão. Para 2014, Prezzi estima que o mercado de defensivos cresça entre 7% e 8% na América Latina, e de 6% a 7% no Brasil.

Fonte: Mariana Caetano | Valor Econômico

30/12/2013

 

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