ENTREVISTA

Diretor do Portfólio de Proteção de Cultivos para América Latina da Bayer fala sobre a tecnologia dos novos cultivares


Fabio Prata, formado na Universidade federal do Paraná em agronomia, e com mestrado e doutorado na Escola Superior de Agicultura (ESALQ). Atualmente é Diretor do Portfólio de Proteção de Cultivos da Bayer para América Latina.

 

 

 

 

1. Novas tecnologias estão surgindo no mercado de defensivos, como a Xtend. Dessa forma, como ela contribui para o desenvolvimento da proteção de cultivos?

É importante entender que a Intacta2 Xtend não é um defensivo, mas sim uma solução que chamamos de Plataforma Intacta2 Xtend, pois abrange soluções em biotecnologia e defensivos. É uma solução que permite produzir mais por hectare, reduzindo o impacto ambiental e permitindo a tomada de decisão mais inteligente e eficiente.

Trata-se da segunda biotecnologia de soja lançada fora dos EUA e, novamente, dedicada a América Latina. Ela proporciona uma proteção mais abrangente contra as principais lagartas da cultura da soja, expandindo seu escopo de defesa contra espécies relevantes, como a Helicoverpa armígera e a Spodoptera cosmioides. Além disso, as variedades com tecnologia Intacta2 Xtend e Refúgio Xtend possuem tolerância aos herbicidas dicamba e glifosato.

 

  2. Qual é a estratégia da Bayer de comercialização e divulgação desta tecnologia, para que o produtor entenda seus benefícios?

Queremos que a Bayer seja reconhecida como a empresa que mais gera valor ao produtor rural brasileiro. Para isso, desde a concepção da tecnologia, trabalhamos de forma colaborativa com agricultores e especialistas do grupo Experts i2x, para entender suas necessidades. Antes mesmo do lançamento da plataforma Intacta2 Xtend, os produtores parceiros testaram a biotecnologia em mais de 500 áreas em todo o país e, desde então, resultados e aprendizados têm sido compartilhados com nossos clientes nas principais feiras agrícolas do país, além de eventos específicos.

Dentre as muitas ações para disseminar os grandes resultados colhidos até aqui, a Intacta lançou a Liga i2x, concurso de produtividade para reconhecer e premiar com viagens os produtores que alcançarem novos patamares de produtividade com a Plataforma. Além disso, a partir da safra 22/23, valorizamos o relacionamento com nossos clientes através de um programa de cashback, no qual os produtores que optarem por plantar pelo menos 10% de suas áreas totais com variedades de soja com tecnologia Intacta2 Xtend e/ou Xtend Refúgio receberão R$ 15,00 por hectare plantado tanto com as variedades i2x, Xtend Refúgio e Intacta RR2 Pro. Para garantir o benefício, o agricultor precisa apenas fazer o processo de Silo ou Pré-certificação para comprovar o volume plantado e garantir o benefício que pode ser pago diretamente ou trocado por serviços ou produtos.

Por fim, para dar continuidade a geração de valor em toda a cadeia, a Intacta fechou diversas parcerias com entidades de capacitação como o Senar, para levar ações de treinamento para os trabalhadores do campo. Também lançamos um aplicativo de gestão da fazenda e da safra, i2x Acerte, para o produtor acessar a qualquer momento, fazer o check-up do pulverizador e avaliar o que foi feito na fazenda.

Nosso objetivo com essas iniciativas é ampliar e facilitar o acesso à informação de qualidade para toda a cadeia, além de contribuir com a operação do dia a dia das lavouras. Nosso time dá todo apoio ao agricultor, contando com uma equipe altamente qualificada e com as melhores recomendações para que ele produza de forma mais eficiente e com mais sustentabilidade.

 

  3. Sendo esta tecnologia resistente ao Glifosato e Dicamba, ela pode futuramente impactar no mercado desses insumos. Atualmente, o Glifosato está passando por escassez de fornecimento. Como a Bayer está prevendo o mercado de Glifosato visto que com a implementação desta tecnologia o consumo dele poderá ser alterado?

As empresas associadas a CropLife Brasil, responsáveis por parcela substancial do mercado brasileiro de defensivos químicos, têm monitorado rigorosamente a disponibilidade de produtos de seus portfólios no mercado interno. O consumo brasileiro do herbicida glifosato já está bastante consolidado e as novas biotecnologias não devem ampliar a sua demanda, já que há uma rotação entre cultivares já lançadas há algum tempo e esta nova biotecnologia. Vale ressaltar que, até o momento, importantes ativos como o glifosato, atrazina, acefato e 2,4D, por exemplo, apresentam aumento na disponibilidade em comparação à 2021.

 

  4. A respeito do consumo de inseticidas, como ele deve ser impactado considerando a resistência a seis espécies de lagartas que o novo cultivar possui?

Na realidade, não há qualquer perspectiva de impacto no consumo de defensivos. Mas, vale destacar, que biotecnologias, como a soja Intacta2 Xtend, vêm para ampliar as ferramentas de manejo do agricultor, ou seja, com um manejo bem-feito, é possível otimizar o uso de defensivos por meio de um controle mais eficaz.

Para não colocar em risco a longevidade destas biotecnologias e os benefícios proporcionados por elas, o produtor deve estar atento às práticas de Manejo Integrado de Pragas (MIP) e às ações de Manejo de Resistência de Insetos (MRI), tendo como principal prática para a sustentabilidade, o refúgio, pois ajuda a manter as biotecnologias em pleno funcionamento, no longo prazo. A nova plataforma Intacta2 Xtend também trouxe ao mercado 3 variedades exclusivas para o plantio de refúgio (sem tecnologia Bt) com alto potencial produtivo e tolerância aos herbicidas dicamba e glifosato, facilitando o manejo adequado.

 

  5. Neste momento de aumento no preço dos defensivos, como esta tecnologia deve colaborar para oportunidades ao produtor?

A Intacta2 Xtend é uma biotecnologia que conta com três proteínas (Cry1Ac, Cry1A.105 e Cry2Ab2) que protegem contra 6 lagartas que atacam a cultura da soja. E isso ajuda o produtor na tarefa de economizar na aplicação de defensivos, que ainda seguem necessários para o controle efetivo destas pragas. O produtor que está interessado em economizar no uso de insumos também tem a opção de utilizar ferramentas digitais, que ajudam no monitoramento de pragas e doenças, como a plataforma Climate FieldView™, que dá apoio ao produtor na tomada de decisão. Por meio de imagens, geradas ao longo de toda safra, é possível acompanhar o desenvolvimento da cultura, tanto da soja Bt, quanto da soja da área de refúgio. Esta solução permite monitorar a incidência de pragas para que o produtor faça o manejo de forma mais assertiva.

 

  6. Visto que o mercado nacional é muito dependente da importação de agroquímicos, existem outras tecnologias para serem desenvolvidas que podem contribuir neste cenário?

Um dos nossos grandes objetivos na Bayer é levar inovação de ponta para o produtor brasileiro. Nenhuma empresa do setor investe tanto em P&D como a Bayer: são cerca de 2 bilhões de euros investidos anualmente para o desenvolvimento de soluções como produtos de proteção de cultivos, sementes e biotecnologias, além de produtos e serviços digitais. Todas elas fundamentais para aumentar a produtividade do agro e tornar o cultivo mais sustentável, reduzindo naturalmente o uso de recursos naturais e insumos. Temos compromissos globais a serem cumpridos até 2030. Estamos empenhados em ajudar a reduzir o impacto ambiental da proteção de culturas, reduzir a pegada do carbono da agricultura e capacitar os pequenos agricultores para terem acesso a soluções agrícolas mais sustentáveis.

A Bayer acredita também que cada vez mais o uso de ferramentas digitais no campo contribui também para a otimização do uso de recursos, uma vez que decisões são tomadas a partir de dados e podem ser mais eficazes na hora de escolher o tipo e quantidade de sementes por talhão ou quais defensivos são melhores para solucionar um problema pontual. É uma mix entre inovação e transformação digital extremamente importante.

 

Fonte: Equipe Global Crop Protection, 16/05/2022

Fonte da Imagem: Pixabay

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