ENTREVISTA
Fernando Degobbi – Diretor Presidente Executivo da Coopercitrus – destaca tendências no mercado de defensivos agrícolas

Fernando Degobbi – Diretor Presidente Executivo da Coopercitrus
1- Qual é a visão estratégica da cooperativa, incluindo suas principais diretrizes de atuação (culturas, abrangência geográfica) e quais são os planos de crescimento e expansão futuros?
A visão estratégica da Cooperativa é integrar soluções, entender a demanda dos cooperados e trabalhar com o conceito de oferecer, em um único lugar, tudo o que o cooperado precisa, como tecnologia, fertilizantes, sementes, orientação técnica, equipamentos e insumos necessários para a condução da lavoura. No pós-colheita, temos unidade de recebimento de produção — trabalhamos com café, soja e milho, armazenando e comercializando a produção do cooperado. Nossos planos de crescimento futuro aumentam cada vez mais com a participação nos negócios dos nossos cooperados em nossa área geográfica de atuação, que envolve parte do Estado de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, em diversas culturas e na pecuária, com predominância de cana-de-açúcar, café, citros e, mais recentemente, soja, milho e pecuária.
2 – Considerando a perspectiva da cooperativa, quais são os principais desafios enfrentados nesta safra 2025/2026, com foco especial na gestão de riscos climáticos e na volatilidade do mercado de commodities e insumos?
Os desafios estão relacionados diretamente aos riscos de clima, que impactam na produtividade do produtor e podem levar a um resultado negativo. Em nossa área de atuação, não tivemos problemas de clima severo; os produtores colheram dentro das expectativas e, portanto, não sofremos, de forma significativa, quebras de produção e de resultados. Com relação à volatilidade do mercado, acompanhamos o aumento do preço de fertilizantes no primeiro semestre e as variações das commodities, com uma variação grande no preço do café, cultura na qual temos mais de oito mil cooperados como principal atividade e, nas demais culturas, uma certa estabilidade no ano.
3 – Nos últimos anos, houve mudanças no perfil de produtos fitossanitários demandados pelos clientes? Em especial, é possível identificar uma tendência de migração para soluções mais seletivas ou de menor impacto ambiental?
O produtor vem, cada vez mais, fazendo mais com menos, verticalizando a produção e trabalhando no sentido de aumentar a produtividade. Estamos percebendo demanda por tecnologia, e os produtos tecnológicos têm capacidade de gerar menor impacto ambiental. Outro ponto são as áreas que têm possibilidade de irrigação ou outorga de recursos hídricos, nas quais o produtor vem investindo. A Coopercitrus é muito importante nesse segmento, tanto na irrigação por gotejamento quanto na irrigação localizada, que eleva, e muito, o patamar de produtividade.
4 – Com base no cenário atual, quais são as principais recomendações da cooperativa para seus clientes visando a safra 2026/2027, e quais oportunidades se destacam nesse contexto?
Para 2026/2027, estamos vendo o término do plantio da safra, a oportunidade de os produtores travarem os custos para a safrinha e um movimento, em algumas áreas, onde é possível travar os custos por barters, buscando essa alternativa. Acredito que o começo do ano será forte para o café, pois a relação de troca da produção do cooperado com os insumos, ao analisar os custos — do preço de venda do produtor em relação ao custo dos insumos — está bem positiva. Além disso, há o aumento das transações envolvendo barter para garantir os custos de produção, o movimento de renovação da cana e, acredito, que em 2026 devemos ter taxas de juros menores, o que vai ajudar bastante o produtor que precisa de prazos para pagamentos.
5 – Em relação à adoção e ampliação do mercado de bioinsumos, quais são os desafios (técnicos, logísticos e regulatórios) que a cooperativa e seus clientes precisam superar para consolidar essa transição?
O mercado de bioinsumos continua crescente, e o grande desafio é ter profissionalismo nessa área e qualidade nos produtos, uma vez que muitas biofábricas e empresas estão entrando nesse segmento. É necessária muita atenção às questões técnicas, ao pós-venda e à logística, que é fundamental, pois os produtos têm ciclo de vida mais curto e precisam de armazenagem especial, além das questões regulatórias que precisam ser cumpridas para garantir a qualidade. Cada vez mais, o cliente precisa estar atento e saber de quem está comprando.
6 – No contexto do agronegócio, quais são as tendências e oportunidades que a cooperativa identifica como cruciais para o seu desenvolvimento e o de seus clientes a longo prazo?
É importante trabalhar cada vez mais verticalizando a produção, uma vez que a expansão é uma oportunidade que se torna cada vez mais complicada pelo alto custo de aquisição de áreas, bem como pela oportunidade de aproveitamento de áreas de baixa produtividade, onde entra todo o pacote tecnológico de assistência para recuperação de áreas e assistência ao produtor, melhorando os níveis de produtividade. O problema da sucessão também é muito importante; estamos trabalhando nessa área e acompanhando as novas gerações — é importante que as novas gerações tenham interesse na sucessão e que exista um ambiente de governança e uma transição profissionalizada. Além disso, estamos à frente de uma reforma tributária, que é um desafio importante, e a Cooperativa está aconselhando o produtor nas mudanças, orientando sobre as melhores práticas e entendendo o que há de transição tecnológica, telemetria, IA, novos produtos sendo lançados e como organizar essas ofertas para apresentar ao produtor aquilo que impacta no resultado com um custo e benefício atrativo.
Equipe Global Crop Protection, 17/11/2025
Fonte da imagem: Freepik



