Com o cuidado e rigor próprios da cultura empreendedora japonesa, a Ihara começou a traçar, há quatro anos, um plano de aumento de capital. Aprovado pelos acionistas em 2015, o reforço financeiro deu fôlego aos investimentos necessários para o crescimento dos negócios: permitiu acelerar a modernização do parque industrial de Sorocaba (SP), onde está também a sede, e aplicar fortemente em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos.
Os resultados começaram a aparecer já em 2016, quando, embora a receita líquida crescesse apenas 1,6%, para R$ 1,2 bilhão, o lucro líquido (R$ 221,7 milhões) deu um salto de 64,9%. “Entre os fatores que contribuíram para o avanço está, justamente, o foco em pesquisa e desenvolvimento, além da consistência do modelo de gestão e a ação conjunta com nossos parceiros”, afirma Júlio Borges Garcia, presidente da companhia. “Foi um plano cuidadosamente desenhado e executado, que nos permitiu fincar as bases para um novo ciclo de crescimento sustentável.”
Nos últimos seis anos, a Ihara investiu R$ 350 milhões na área industrial e em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos. “Nesse período, construímos uma fábrica de herbicidas, uma nova linha de produção para inseticidas e fungicidas, com formulação mais moderna e segura, melhoramos a logística, com um novo centro de distribuição, e modernizamos os prédios administrativos”, afirma Garcia. Com os investimentos em inovação, aumento da capacidade produtiva, melhoria dos processos e diversificação de plantas, aliados aos realizados no centro de pesquisa, foi possível lançar 15 produtos em 2017. Outros dez estão previstos para 2018. Com 600 funcionários, a Ihara oferece ao mercado soluções para mais de 60 culturas e atende a clientes em todo o território nacional, o que exige, segundo Garcia, uma eficiente gestão de controle de gastos. “Nosso modelo é embasado nos princípios e valores da empresa, na administração dos custos, no esforço de melhoria contínua da nossa equipe e na força de nossos acionistas e parceiros, sempre com foco no agricultor”, diz o presidente.
A companhia investe na ampliação de soluções para as mais diversas culturas e regiões do país e para aproximar toda a cadeia (investidores, colaboradores e clientes). “Temos investido forte em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos em parceria com nossos acionistas japoneses”, afirma Garcia. “Mantemos em inovação estratégia de longo prazo mesmo quando o cenário do momento não é encorajador, porque um novo produto pode levar até dez anos para chegar ao mercado.”
A Ihara não descuida da responsabilidade socioambiental, afirma Júlio Garcia, ao detalhar os resultados nessa área em 2016. “Superamos as metas, com redução de 25% no uso de água, 11% no consumo de energia e 35% na destinação de resíduos.” Essas conquistas, segundo ele, foram atingidas com investimentos em novos equipamentos, melhorias de processos e campanhas educativas, entre as quais o Projeto Cultivida, que percorreu mais de 21 municípios nos últimos anos para treinar e capacitar cerca de 7 mil agricultores e agentes de saúde sobre o uso correto de defensivos agrícolas. “Além de diminuírem o impacto ambiental, esses esforços também se refletiram nos resultados da empresa, pois tornamos nossas operações mais eficientes e rentáveis.”
Para 2017, Garcia prevê um crescimento de 10% na receita líquida em dólares. “Vamos manter nosso histórico de desempenho acima da média do mercado.” Em 2018, diz ele, a empresa continuará com os investimentos em processos fabris para diversificação de plantas, aumento da produção, modernização de formulações e ampliação da capacidade de armazenagem. “Além dos investimentos fabris, continuaremos investindo em P&D. Temos previsão de lançar mais produtos e levar nosso portfólio definitivamente a um novo patamar.” afirma. “Esse nível de renovação é inédito na história da Ihara e até mesmo do agronegócio.”
Otimista, Garcia não se deixa abalar pelas dificuldades político-econômicas enfrentadas pelo país, mas não as ignora. “Temos de ter cautela e confiança ao mesmo tempo”, diz. “Já estamos vendo sinais de recuperação, como a queda da inflação e dos juros e o crescimento do PIB, ainda que ela seja tímida e constantemente ameaçada pelo cenário político.” A posição da companhia, segundo ele, é estar atenta aos movimentos do mercado, ter prudência para planejar e obstinação por conquistas.
Sobre a Ihara
A Ihara foi fundada em 1965 por empresários japoneses. Chamou-se, inicialmente, Indústrias Químicas Mitsui Ihara, porque 70% do capital era da Mitsui e 30% da tradicional Ihara Agrochemicals Kumiai. Nascia da compra de outra empresa, a Agropecuária e Comercial Maracanã. O objetivo era trazer para o Brasil soluções em defensivos agrícolas baseadas na tecnologia japonesa. Hoje, entre os principais acionistas estão, individualmente, a Nippon Soda (28,1%), a Sumitomo Corporation (17,9%) e a Kumiai Chemical (13,8%).
Revista Globo Rural, 17/10/2017