Governo libera importação de produto que combate praga do café

O secretário de defesa agropecuária do Ministério da Agricultura, Rodrigo Figueiredo, assinou na noite de segunda-feira a autorização emergencial e temporária para a importação de um defensivo da americana DuPont, destinado ao combate à broca do café em Minas Gerais. Contudo, ainda está pendente a liberação de registro do produto pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Por meio de sua assessoria de imprensa, o ministério disse que a previsão da Anvisa é de que o registro seja aprovado entre novembro e dezembro.

“Trata-se de um passo inicial e de uma importante conquista para que a broca do café não impacte diretamente no rendimento e na qualidade de nossos cafés”, disse em nota Silas Brasileiro, presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), que representa agricultores e cooperativas. A broca é um besouro cuja fêmea coloca ovos que se transformam em larvas e consomem a semente do café, provocando perda de peso e de qualidade dos frutos.

O inseticida da DuPont tem como ingrediente ativo o Ciantraniliprole, de baixa toxicidade e já registrado nos EUA, na União Europeia, no Canadá e no Japão. Conforme o CNC, o defensivo deverá ser utilizado exclusivamente em lavouras de café, de acordo com as medidas estipuladas pela portaria 711/2014 do ministério, de 17 de julho de 2014.

Essa portaria é desdobramento de outra (188/2014), publicada em março, que declarou estado de emergência fitossanitária em Minas Gerais, por um ano, em função do “risco iminente” de surto pela infestação da praga Hypothenemus hampei (nome científico da broca) nas plantações de café.

A medida atendeu a uma demanda apresentada pelo setor em 2012, conforme o CNC. A comercialização de endossulfam, único princípio ativo efetivo no combate à broca do café no Brasil, foi oficialmente proibido em agosto do ano passado no país. Com isso, temia-se a dificuldade no acesso a algum defensivo a tempo de combater a praga no período recomendado, em janeiro. Há cerca de 15 dias, o coordenador geral de agrotóxicos e afins do Ministério da Agricultura, Júlio Sérgio de Britto, disse ao Valor que daria tempo de o produto estar disponível no país “até o fim de dezembro ou início de janeiro”.

Valor Econômico, 02/09/2014

Imagem: CCCMG