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Incidência precoce da ferrugem-asiática da soja nas lavouras no Rio Grande do Sul


O site do Consórcio Antiferrugem contabilizou 51 relatos de ferrugem-asiática no Rio Grande do Sul sendo mais de 90% dos casos ocorrendo antes da fase de enchimento da vagem. Já nas outras regiões do país, os relatos da doença ocorreram principalmente na fase de enchimento de vagens, dessa forma, a pesquisadora Cláudia Godoy, da Empresa Soja, alerta que isso evidencia uma incidência precoce da doença no Rio Grande do Sul. Atualmente, o Estado contabiliza 88 casos da doença: 37 ocorridos em dezembro e 51 em janeiro.

Claudia explica que o excesso de chuvas, no início da safra na região Sul do País, principalmente no Rio Grande do Sul, atrasou a semeadura das lavouras. Como consequência, em janeiro, as lavouras se encontravam em diferentes fases de desenvolvimento, desde o estádio vegetativo até o enchimento de vagens. Ela salienta que “Nas lavouras semeadas mais tardiamente a ferrugem-asiática pode ocorrer mais cedo, em razão do aumento de inóculo do fungo proveniente das lavouras semeadas mais cedo”.

A pesquisadora orienta os produtores a observarem cuidadosamente a escolha dos fungicidas para o controle da doença. Segundo ela, os fungicidas mais usados pertencem a três grupos distintos (sítio específicos) que atuam em pontos específicos do fungo P. pachyrhizi, causador da doença: os Inibidores de desmetilação (IDM, “triazóis”), os Inibidores da Quinona externa (IQe, “estrobilurinas”) e os Inibidores da Succinato Desidrogenase (ISDH, “carboxamidas”).

Ainda segundo Godoy, nos últimos anos houve uma nova mutação no fungo, influenciando a eficiência dos fungicidas que possuem os ingredientes ativos protioconazol e tebuconazol (IDM) na sua composição.

Diante desse contexto, a sugestão da Embrapa é para que os fungicidas com esses ativos sejam utilizados em rotação e sempre com a adição de fungicidas multissítios – que têm atuação em vários pontos do fungo – para aumentar a eficiência de controle. Além disso, a pesquisadora faz outro alerta “para que a realização do controle químico seja já no início do surgimento dos sintomas, mesmo que observados no período vegetativo, respeitando o intervalo de aplicação de 14 dias entre as aplicações”.

Vale destacar que a Embrapa participa das redes de ensaios com diversas instituições de pesquisa onde anualmente são realizados experimentos que tem o intuito de monitorar a eficiência dos fungicidas para controle da ferrugem-asiática.

A ferrugem-asiática da soja foi identificada pela primeira vez no Brasil em 2001, e a partir de então é monitorada e pesquisada por vários centros públicos e privados. Segundo o Consórcio Antiferrugem, essa doença, considerada a mais severa da cultura, pode causar perdas de até 90% de produtividade se não controlada. As estratégias de manejo da doença são: a ausência da semeadura de soja e a eliminação de plantas voluntárias na entressafra por meio do vazio sanitário para redução do inóculo do fungo, a utilização de cultivares de ciclo precoce e semeaduras no início da época recomendada como estratégia de escape da doença e a utilização de fungicidas.

 

Fonte: Revista Cultivar, publicada em 01/02/2024

Fonte da imagem: Freepik

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