MERCADO

Empresas suspendem vendas de insumos na Argentina


O governo argentino modificou o câmbio utilizado para a importação, o que levou as empresas fornecedoras de insumos a suspenderem as vendas, informa a T&F Consultoria Agroeconômica. Lembrando os piores momentos de instabilidade financeira das últimas décadas, a administração peronista dá “ mais um tiro no pé”, de acordo com os analistas da T&F.

“Informes recebidos hoje direto da Argentina nos dizem que, em pleno início de plantio de trigo, uma das culturas mais importantes do país, foram suspensas todas as vendas de fertilizantes e insumos em todo o território nacional, porque o governo mudou as cotações dos dólares necessários para pagar as importações desses produtos, duplicando o seu valor”, explica a T&F.

De acordo com as fontes da Consultoria, será utilizado o “Dólar CCL” para importação, que está cotado em 130 Pesos por US$ 1. Antes era usado a cotação do dólar da “TC BNA” (algo como 43 Pesos por US$ 1). “Com as restrições de acesso ao mercado para câmbio, fornecidas pelo BCRA ontem, estão suspensas as vendas de Fitossanitário e Fertilizantes até o novo aviso”, anunciou a Bunge. Syngenta, Cargill e LDC tomaram a mesma decisão.

A Argentina possui atualmente 15 tipos de câmbio, quase um para cada produto. “Até agora não havia problema, porque o mesmo câmbio usado para converter os dólares do trigo, algo ao redor de 51 Pesos por US$ 1, ainda que baixo, era usado também para pagar os insumos comprados em Dólar”, explica a T&F.

“Ocorre que a resolução do BCRA-Banco Central da República Argentina estabeleceu em 1º de Junho novo valor para os Dólares das importações. Por isto as tradings estão suspendendo qualquer nova negociação de venda de insumos até nova ordem, porque, certamente, esta situação não poderá ficar assim, sob pena de não haver plantio de grãos (trigo, soja e milho) na Argentina, neste ano”, apontam os analistas.

“Falamos inicialmente em tiro no pé, porque o maior problema da Argentina neste momento é a falta de dólares e o novo governo, ao invés de incentivar o seu maior gerador de divisas, que é o agronegócio, faz justamente o contrário, desestimula o seu plantio. Com estas medidas, há agricultores que tinham comprado insumos e já os estão revendendo, porque o lucro é altíssimo, maior que plantar. Especificamente no que diz respeito ao trigo, que estava tendo perspectivas de aumento de área por ser menos taxado que a soja, volta tudo à estaca zero”, conclui a T&F.

Fonte: Agrolink, 03/06/2020

Fonte da imagem: Imagem de DavidRockDesign por Pixabay

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