MERCADO
Venda com proteção de culturas no Brasil atinge recorde em 2019
De acordo com o estudo encomendado pelo Sindiveg à empresa de pesquisas Spark Inteligência Estratégica, houve aumento de receita de 5,8% no mercado de agroquímicos no ano passado. Em volume, a quantidade de defensivos aplicados no Brasil cresceu 6,6% na comparação de 2019 com o ano anterior, somando 975,1 mil toneladas, conforme o estudo da Spark.
Júlio Borges Garcia, presidente do Sindiveg, justificou que passou a divulgar a quantidade de defensivos aplicados porque esse é um termômetro efetivo do consumo de pesticidas. “Falar em comercialização é muito diferente de falar de aplicação efetiva porque um produto, mesmo que tenha sido comercializado, pode ter ficado em estoque ou ter sido comprado para uma cultura e aplicado em outra”, explicou.
Os fungicidas foram responsáveis por 31% das vendas, enquanto os inseticidas representaram 29% e os herbicidas 27%. Por fim vieram os insumos “para tratamento de sementes e outros produtos”, com 12% do total.
A soja é a cultura com maior consumo, com 49% de participação (o equivalente a US$ 6,7 bilhões). Isso significou um crescimento, em Dólares, de pouco mais de 1% na comparação ao ciclo anterior (US$ 6,41 bilhões). O milho, com 12% de participação, a cana-de-açúcar (11%) e o algodão (8%), somados, devem chegar a US$ 4,3 bilhões, sem registro de alterações relevantes frente a 2018.
Em relação à área tratada, projetou-se um aumento de 8%, somando 1,6 bilhão de hectares, o que se deve ao crescimento de 2% de áreas cultivadas e uso de tecnologias para controle das principais pragas no campo. Embora tenha esse aumento, o volume médio de produtos formulados por aplicação diminuirá de 0,64kg/ha para 0,63kg/ha.
Maior produtor agrícola do País, o estado do Mato Grosso foi o que mais aplicou defensivos agrícolas em 2019, com 24%. Em seguida vem o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que somados chegaram a 12%, seguidos por Paraná (12%), São Paulo (11%), região do Matopiba (10%), Goiás/DF (9%), MG (8%) e Mato Grosso do Sul (8%).
No ano passado o Brasil concedeu o registro para 473 defensivos agrícolas, o que significou um aumento de 5,34% na comparação com os 449 registros liberados em 2018. Deste total, 92% são produtos pós-patentes, ou seja, novas marcas alternativas para a mesma molécula que já estava aprovada para o uso. Também foram registradas 24 novos ingredientes ativos e ainda 40 produtos biológicos.
VENDAS
A venda de agroquímicos no Brasil significou US$ 13,7 bilhões no ano de 2019, o que representou um recorde de faturamento no setor. O total de vendas das maiores empresas de proteção de culturas atuando no país foi superior ao melhor desempenho de vendas já registrado até hoje, os US$ 12,25 bilhões comercializados em 2014, de acordo com levantamento divulgado pela AENDA (Associação Brasileira de Defensivos Pós-Patente) em reportagem do Agropages.
Pela compilação, a liderança de vendas de agroquímicos no Brasil seguiu sendo da Syngenta, com US$ 2,517 milhões faturados no ano passado – um aumento de US$ 517 milhões em relação a 2018. A empresa admitiu que majorou preços no Brasil para mitigar a desvalorização do Real brasileiro frente ao Dólar norte-americano. Mesmo assim, porém, as vendas registradas pela gigante de propriedade da ChemChina tiveram um forte desempenho no País.
Na segunda colocação novamente esteve a Bayer, aponta a AENDA, com US$ 2,022 bilhões vendidos, um aumento de 20% sobre os US$ 1,685 milhão faturados no ano anterior. Foi o primeiro ano de efetiva fusão entre as equipes e estruturas após a aquisição da Monsanto. A empresa confirmou suas projeções otimistas feitas no início do ano, com vendas avançando em herbicidas e inseticidas em uma base ajustada à perda de valor do Real.
A nova quarta força do segmento de proteção de culturas no Brasil é agora a Corteva, segundo o levantamento, com US$ 1,286 bilhão em faturamento no ano passado. O desempenho significou um aumento de 9% sobre os US$ 1,180 bilhão comercializados em 2018. Vem sendo uma trajetória de luta de recuperação de prejuízos para essa empresa que nasceu de um desmembramento da divisão agrícolas da DowDuPont no ano anterior. A empresa aponta os produtos para controle de insetos como o protagonista nas vendas de 2019, especialmente no último trimestre do ano.
Na quinta colocação aparece a FMC, com US$ 1,09 bilhão vendidos no Brasil no ano passado, um aumento de 12% sobre os US$ 910 milhões de 2018. A empresa ultrapassou a indiana UPL, que conclui sua aquisição da Arysta no mês de Fevereiro do ano passado e vendeu US$ 1,025 bilhão, contra US$ 961 milhões faturados no ano anterior. Pelo menos no Brasil a empresa indiana não conseguiu cumprir sua meta de ser “uma das cinco maiores” empresas do setor de proteção de culturas.
No ranking da AENDA, completam o TOP 10 as empresas Adama, Nufarm, Iharabras e Nortox, sendo que esta última segue sendo a única brasileira nesse ranking das 10 maiores em operação no país. Um dos fatores que explicou o bom desempenho da Nortox foi o lançamento de seu fungicida Mancozeb, além de outros seis lançamentos de defensivos agrícolas no ano de 2019.
Nesta edição do ranking a AENDA identificou apenas as 10 maiores empresas de agroquímicos do Brasil. A entidade juntou as demais e revelou apenas o valor total de vendas somadas do grupo: US$ 1,300 bilhão. Entre essas empresas estão Albaugh, Ouro Fino, Helm, Sipcam, Nichino, Tecnomyl, Rotam, CCAB, Cropchem, Alta, Sinon, Stockton, Tide, Avgust, Dinagro, Unibras, etc.
Fonte: Agrolink, Leonardo Gottems, 21/10/2020
Fonte da Imagem: Imagem de Nattanan Kanchanaprat por Pixabay