USO E APLICAÇÃO

Cancro cítrico avança em polo brasileiro de limão tahiti


Há cinco anos, o cancro cítrico vem avançando nos pomares de citros, com controle mais difícil para o limão ao ser comparado com a laranja. Na região de Catanduva, um dos principais polos de produção do limão tahiti brasileiro, produtores não podem comercializar o fruto que apresenta o cancro, tanto no mercado interno e, principalmente para a exportação, o que impacta na lucratividade da fruta para os citricultores.

Pesquisa do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), com foco na questão que vem afetando a produção do limão tahiti, avaliou o período de maior suscetibilidade ao cancro cítrico e a eficiência com o manejo, utilizando o cobre para combater a doença nos pomares da região. De acordo com o pesquisador do Fundecitrus Franklin Behlau, o levantamento foi realizado em um pomar comercial no município de Marapoama, na região de Catanduva.

“Foram realizados experimentos, em campo, com limões não protegidos pelo cobre e inoculados por aspersão com a bactéria causadora do cancro cítrico. Os resultados demonstram que a suscetibilidade do limão ao cancro cítrico diminui na mesma proporção que o crescimento do fruto e se torna resistente quando atinge cinco centímetros de diâmetro. O estudo revelou ainda que os frutos levam cerca de quatro meses para atingir esse tamanho na primavera e verão, período em que o controle deve ser rigoroso”, comenta Franklin.

O pesquisador explica ainda que a doença do cancro cítrico é causada por uma bactéria, afetando todas as espécies e variedade de citros. “É uma doença que não é transmitida por um inseto vetor, a bactéria reside dentro de uma lesão nos frutos. Se espalha facilmente pela chuva ou pelo vento, percorrendo até cinco quilômetros de distância”, afirma.

Além de causar prejuízos na produção do pomar, o impacto maior é na comercialização do fruto, que não é aceito, segundo Franklin, no mercado interno de frutas de mesa e para exportação. “No caso da exportação, a fiscalização é mais rigorosa, o limão com cancro cítrico não é aceito em países que são livres da doença. Apenas pode ser comercializado entre as indústrias”.

Desafios com o manejo

O produtor tem muitos desafios com o controle do cancro cítrico, conforme o pesquisador do Fundecitrus. Ente eles, o uso correto do cobre, um produto protetor para a doença. Também cabe ao produtor avaliar os períodos mais chuvosos, onde se dissemina mais facilmente o cancro nos pomares, para realizar as pulverizações na época certa. “Diferentemente da laranja, as árvores do limão possuem mais floradas, com mais frutos jovens, mais suscetíveis à bactéria”, destaca Franklin.

Apesar de o cancro cítrico estar presente em menos de 20% do cinturão citrícola do estado de São Paulo – atualmente o greening é a principal doença da citricultura – Franklin pontua que o cancro não deixa de ser preocupante. “O produtor precisa estar bem informado e saber que o uso do cobre responde muito bem ao manejo do cancro, usado a cada 21 dias no período chuvoso”.

Aumento na fiscalização

De acordo com a Coordenadoria de Defesa Agropecuária, após a notificação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento sobre a interdição de empresas que processam o limão tahiti no estado paulista e que exportam para a União Europeia, a fiscalização se intensificou na região de Catanduva. “Ao tomarmos conhecimento das interceptações, foram iniciadas as auditorias nos estabelecimentos envolvidos”, afirma Alexandre Paloschi, diretor do Departamento de Defesa Sanitária e Inspeção Vegetal.

Segundo Paloschi, no total foram fiscalizadas 12 propriedades na região de Catanduva quanto ao uso de agrotóxicos e certificação sanitária; 17 estabelecimentos que comercializam o produto; 20 Unidades de Consolidação (que são as empresas processadoras do fruto); e uma Unidade de Recebimento de Embalagens Vazias (UREV).

Com a fiscalização mais rigorosa e de 53 servidores treinados para as ações, Paloschi explica que as interceptações nos embarques de limão que apresentaram contaminação por cancro cítrico, em países europeus, diminuíram. No mês de abril, segundo o diretor, foram interceptadas 11 cargas de limão e no mês de junho, apenas três embarques apresentaram o problema. (CC)

Produtores investem em cobre no manejo

Muitos produtores afirmam que as propriedades vizinhas aos pomares que produzem limão, na região de Catanduva, não fazem a lição de casa, ou seja, não fazem o controle da doença de maneira efetiva. Mas, muitos citricultores comentam que os investimentos no uso de cobre, um produto que aumentou mais de 50% de 2021 para este ano, são importantes para manter a comercialização da fruta e aumentar os lucros.

Para o produtor Antonio Domingos Hernandes, que possui 18 mil plantas de limão tahiti em Urupês, são importantes as aplicações de cobre. “Neste ano tivemos mais chuvas, então precisamos de mais pulverizações com o cobre”. Ele diz que os preços com o cobre aumentaram muito, dobrando o valor, e que o preço pago pela caixa de limão não teve reajuste, impactando ainda mais os custos de produção no campo.

Domingos, que é ex-presidente e, atualmente, associado da Cooperativa de Produtores de Limão de Urupês (Cooper Limão), afirma que comercializa o limão para países da União Europeia, através da cooperativa. Ele reconhece o rigor para os contratos com os países que compram o limão, sendo um ponto positivo para manter a lucratividade e a qualidade com a fruta. “Temos que ter toda a certificação do pomar e o controle do cancro é essencial”.

No ano passado, a Cooper Limão enviou 1.800 toneladas de limão para a Europa (França e Holanda) e, até julho deste ano, foram 1.424 toneladas da fruta. Segundo o presidente da cooperativa, o citricultor Thyago Gasque, as exportações da cooperativa não tiveram problemao funcionário já ter um cuidado maior, separando das frutas sadias”, ressalta Thyago.

Em Itajobi, cidade conhecida como a capital do limão, o produtor Gerson Gasparini pondera que a fiscalização dos pomares, feita pela Secretaria de Agricultura do estado de São Paulo, está mais rigorosa neste ano. “Com o risco de a União Europeia não aceitar o limão produzido por aqui, que apresentava cancro cítrico, agora temos mais fiscais na nossa propriedade, verificando se há a doença no pomar”, diz Gerson. (CC)s, a exemplo de containers com frutos da região, que foram retidos por estarem contaminados com o cancro cítrico.

“Temos que fazer a coisa certa, não pode ter um único limão que apresente cancro cítrico para a exportação. E para isso, no meu pomar, com 5.000 árvores de limão em produção, quando há o aparecimento da doença, eu faço uma marcação na árvore para na hora da colheita

Fonte: Diário da Região, 22/07/2022

Fonte da imagem: Pixabay

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