ENTREVISTAMERCADO
André Silvestre, Gerente de Vendas do Segmento Embalagem da Unipac, fala sobre o papel da empresa no mercado de agroquímicos
A Unipac é uma das unidades de negócio do Grupo Jacto, fundado em 1948 e presente nos cinco continentes, composto por importantes empresas que atuam nos segmentos agrícola, transporte, equipamentos para serviços de limpeza e higienização, e soluções para a área médica.
1. No mercado de defensivos químicos é importante diferenciar as características das embalagens conforme os diferentes materiais utilizados na sua composição. Atualmente, quais os tipos de embalagens existentes no mercado e quais as suas aplicações na indústria de defensivos?
Com base em informações disponibilizadas pelo inpEV (Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias), as embalagens de defensivos agrícolas são classificadas em dois grandes grupos:
- Os modelos que são laváveis (embalagens rígidas, nas versões plásticas e metálicas, onde se predomina o primeiro) e servem para acondicionar as formulações líquidas para serem diluídas em água;
- Os modelos considerados como não laváveis, utilizados para acondicionar produtos que não utilizam água como veículo de pulverização, além de todas as embalagens flexíveis e as embalagens secundárias (exemplos: embalagens de produtos para tratamento de sementes, caixas de papelão, sacos de plástico, de papel, metalizados, ou feitos com outro material flexível).
Cabe destacar que para as embalagens plásticas rígidas, core de atuação da Unipac, a companhia tem uma posição de liderança e atua com um portfólio completo, com foco na inovação e sustentabilidade, que inclui embalagens de 250 ml a 20 litros, em diferentes configurações de composição (monocamada ou com barreira, podendo ser COEX, fluoretadas ou com a nova tecnologia plasma), que são utilizadas principalmente no envase de herbicidas, inseticidas, fungicidas e demais classes, conforme a necessidade dos clientes. Hoje, todos os produtos fabricados pela empresa, embalagens ou tampas, podem ser reciclados e reaproveitados na fabricação de outros tipos de produtos, conforme as normas vigentes.
2. A embalagem é a principal responsável pela proteção do produto, desde quando sai da produção até a hora do seu consumo, evitando contaminações e mantendo sua integridade. Além disso, o custo de produção da embalagem está agregado ao valor final do produto que chega ao consumidor. Em média, qual a fração do custo da embalagem sobre o preço final dos defensivos químicos?
Para as embalagens plásticas rígidas, com base no histórico de mercado e nos debates com os clientes, geralmente o percentual médio é de 1 a 10% de participação do custo da embalagem sobre o custo final do defensivo agrícola – podendo ser superior em casos mais específicos. A variação deve-se ao fato de que sua representatividade se altera conforme o tamanho da embalagem, se é monocamada ou com barreira, assim como da classificação do produto envasado, onde existe grande variação no preço por litro.
Com relação ao papel que a embalagem desempenha quanto à proteção do produto envasado, é importante ressaltar que as embalagens e tampas produzidas pela Unipac seguem rigorosos protocolos baseados em normas internacionais de avaliação de compatibilidade com produtos químicos e em requisitos regulatórios vigentes, oferecendo benefícios aos clientes relativos à sustentabilidade, competitividade e preço. A Unipac atua, em todas as fases de suas atividades, em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) da Organização das Nações Unidas e com foco nos princípios do ESG (Environmental, Social and Governance) aos negócios.
3. A Unipac recentemente inovou o mercado de agroquímicos com embalagens inteligentes, que fazem uso da tecnologia para comunicar as condições de um produto. Qual a tecnologia envolvida nesse processo? E quais os benefícios que essa tecnologia traz para o consumidor final?
A Unipac realiza fortes investimentos em inovação e sustentabilidade, sendo reconhecida no mercado pelo pioneirismo e por oferecer soluções customizadas, com o foco do cliente, considerando a redução do impacto ambiental em toda a cadeia. A cada projeto, além de atender a demandas específicas, evoluímos em termos de processos, tecnologia, competitividade e sustentabilidade, contribuindo positivamente com o ecossistema do qual fazemos parte.
O projeto u.SAFE (embalagem plástica inteligente) é um dos exemplos de inovação da Unipac. Por meio de um aplicativo, é possível acessar informações contidas em uma tag (etiqueta) aplicada ao selo, que fica na tampa da embalagem, para confirmar a autenticidade do produto. Conforme o Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (IDESF), o uso de defensivos agrícolas ilegais já representa 25% de todo o mercado. Produtos ilegais são todos os que possuem origem ilegítima, ou seja, obtidos por meio de contrabando, falsificação ou até mesmo roubo e furto. Essa solução, portanto, pode ajudar a combater a ilegalidade no segmento de defensivos agrícolas, e pode ser utilizada por outros mercados, ajudando a proporcionar maior segurança ao cliente e ao usuário dos produtos.
Quanto ao seu funcionamento, a identificação é feita com a tampa fechada e ao abrir-se a embalagem, a tag é destruída de forma irreversível. Quando a embalagem sai da linha de envase, um leitor de radiofrequência captura o número identificador único, presente em cada tag, e o carrega num banco de dados. Desse ponto em diante, a simples abertura da tampa permitirá a identificação da violação por meio do aplicativo. O combate à ilegalidade, a preservação da imagem da marca, maior segurança ao produtor, e a possibilidade de explorar outros tipos de informações pertinentes ao negócio, estão entre os benefícios desse sistema.
Outras vantagens que merecem destaque: a possibilidade de utilização da tecnologia u.SAFE para a gestão de inventário dos defensivos agrícolas pelos produtores e cooperativas, a inserção de informações como a Ficha de Informações de Segurança de Produto Químico (FISPQs), e a rastreabilidade que pode gerar valor para produtores cujo mercado demanda esses recursos. Ainda, o sistema não afeta a reciclabilidade da embalagem; e não precisa alterar a linha de envase do cliente – é necessário somente a instalação do leitor NFC após a indução dos selos, um investimento muito inferior, se comparado às vantagens que a solução apresenta.
4. Quando se fala em embalagens, é importante destacar a importância das tampas no lacre do produto, evitando vazamentos, contaminação durante o transporte e prolongando a serventia do produto. Em média, qual o prazo de validade para um defensivo lacrado? Quais os tipos de tecnologia em tampas disponíveis no mercado atualmente e qual o papel delas na qualidade do produto?
A validade dos produtos é um item de suma importância e deve sempre constar em uma gravação via inkjet (jato de tinta) na própria embalagem (realizada após a envase) assim como o lote, para que haja rastreabilidade do produto junto ao fabricante. Geralmente, a validade no Brasil varia de 2 a 3 anos, porém pode haver dispersão nessa média conforme o tipo de princípio ativo, o tipo de solvente, o tipo de formulação e o fabricante.
Quanto às tecnologias, as mais convencionais de tampa hoje contemplam os diâmetros de 45mm e 63mm e possuem seu sistema de inviolabilidade baseado em um sistema de lacre por catraca ou flush. Outro sistema de inviolabilidade que também serve para preservação do produto são os sistemas de vedação que podem ser por selos de polexan ou os mais utilizados que são selos cartonados com alumínio por indução. Estes últimos conseguem atribuir maior resistência de vazamento para quedas, permitindo sua homologação em testes rigorosos para a certificação UN, e funcionam como um sistema secundário de inviolabilidade. Os selos de indução podem ser inteiriços ou ventilados. Os ventilados são geralmente utilizados quando o conteúdo envasado consome gás oxigênio do interior da embalagem ou quando produzem muitos vapores, assim a ventilação possui uma equalização da pressão interna com a externa, permitindo a migração de gases e evitando o colapsamento ou estufamento da embalagem.
Atualmente, a Unipac oferece tampas para embalagens a partir de 250 ml, nos tamanhos de 41mm, 45mm e 63mm de diâmetro, que podem ser adequadas conforme as necessidades dos clientes, sempre com tecnologia integrada. A elevada capacitação da equipe de engenheiros e técnicos no desenvolvimento de soluções segundo as características de cada produto a ser envasado também é um diferencial. Os resultados que vêm sendo colhidos são frutos de anos de pesquisas.
André Silvestre é graduado em Administração de Empresas, fez programas pela Fundação Dom Cabral/SP em Gestão de Vendas e Marketing, Transformação Digital e Gestão de Negócios (In Company), e de executivo coautor na Evolução no Foco do Cliente (Escola de Marketing Industrial/SP) – atuando como agente multiplicador na Unipac. Possui MBA em Gestão Empresarial (FVG/SP) e MBA em Investimentos e Private Banking (Ibmec/SP). Ele concluiu em Março de 2023 o PMD Spring 2022 na ISE Business School.
Iniciou sua carreira como estagiário na Jacto Agrícola, em 2003, onde ficou por seis meses. Depois de uma experiência na empresa familiar, recebeu um convite para retornar ao Grupo Jacto, em 2005, como assistente de vendas da área automotiva da Unipac, empresa na qual desenvolveu sua trajetória profissional. Passou pelas funções de vendedor, executivo de vendas e coordenador de vendas, até chegar à gerência de vendas do segmento Embalagens, cargo que ocupa desde 2017. É membro da Câmara Setorial de Embalagens Industriais da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico).
ENTREVISTA – André Silvestre
Gerente de Vendas do Segmento Embalagem / Unipac
Fonte da Imagem: Pixabay