MERCADO

Soja: Cancelamentos de vendas e atraso de insumos preocupam agricultores de MT


A falta de insumos provoca atrasos nas entregas e cancelamentos de vendas antecipadas de defensivos em Mato Grosso. Na região sul do estado, agricultores temem ficar sem produtos suficientes para a safra de soja.

O atraso das entregas dos insumos, principalmente os defensivos químicos, é preocupação do agricultor neste início de safra. Segundo o agricultor Jorge Piccinin Filho: “Principalmente o Glifosato. Dos 30 mil quilos do WG que foi comprado, entregaram apenas cinco mil quilos e eu tinha uma quantia da safra passada e mais esses cinco mil que me entregaram. Foi o que eu consegui fazer no começo, mas já está faltando, não está sendo suficiente para fazer a dessecação para o início do plantio. Estou no aguardo de chegar mais”, conta.

Cooperativas e a soja

Nas cooperativas da região que realizam as compras diretamente com as multinacionais e fabricantes nacionais, a preocupação é ainda maior. É que além do atraso das entregas de insumos, alguns contratos antecipados de defensivos foram cancelados. É o caso da Cooaprima, em Primavera do Leste, responsável pelo cultivo de mais de 120 hectares de soja.

Este cenário deixa o setor apreensivo quanto ao manejo da safra de soja 2021/22. Considera o presidente da Cooaprima, Pedro Geraldo Bravin: “Essa que é a grande dúvida porque o glifosato é usado tanto na dessecação como no pós emergente também para matar as ervas daninhas no meio da cultura, e agora a gente está com medo de instalar a lavoura, plantar tudo e chegar a hora de fazer as aplicações de defensivos, tanto para ferrugem, como para percevejo, cascudinho e lagartas e não ter o produto. Vão vir danos muito mais graves para frente com praticamente 80% do custo feito por falta de certos produtos”.

O vice-presidente da Aprosoja-MT recomenda cuidado dos produtores. “A gente sabe que para quem paga um pouco mais caro ainda consegue comprar glifosato pagando o dobro do preço que era praticado há um ano atrás, então muitas vezes não é a falta do produto mais sim muitas vezes a má fé de quem vendeu, então não assinem acordo, procurem advogado e entrem em contado aqui conosco também que qualquer prejuízo pra o produtor vai ser combatido pela nossa entidade.”

Posicionamento sindical

O Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (SindiVeg) esclarece que seus associados têm enfrentado aumento de custos de matérias-primas, embalagens e logísticos desde o início da pandemia, além dos impactos decorrentes da variação cambial. Nas últimas semanas, entretanto, problemas climáticos em áreas onde estão localizadas unidades fabris e portos, somados à crise energética da China, pioraram o cenário de abastecimento do setor.

A China, principal fornecedor de matérias-primas utilizadas na síntese e formulação de defensivos, adotou medidas restritivas em função de compromissos ambientais para reduzir a emissão de gases de efeito estufa e estas restrições estão afetando várias províncias nas quais estão localizados parques fabris importantes. O sindicato, que representa 27 indústrias do setor no Brasil, não se manifesta sobre ingredientes ativos específicos, contudo, pode afirmar que tem recebido relatos de seus associados sobre dificuldades na aquisição e recebimento de matérias-primas em geral, acentuadas pela situação relatada.

Esses problemas estão atingindo profundamente os custos de produção de defensivos agrícolas e, inevitavelmente, devem chegar ao preço final dos produtos.

Fonte: Canal Rural, 13/10/2021

Fonte Imagem: Imagem de nishimura1123m por Pixabay

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