USO E APLICAÇÃO

Vespinhas são utilizadas na citricultura para combater o greening


Pesquisadores brasileiros da Bayer e do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) anunciaram uma parceria para combater o greening, considerada a pior doença de citriculturas do mundo. A ação de combate ao problema é realizada através da liberação das vespinhas, insetos com nome científico de Tamarixia radiata, nas imediações das fazendas.

O método foi desenvolvido pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), e aperfeiçoado pela empresa química e farmacêutica e pelo Fundecitrus. Como a doença não tem cura, a tática consiste em evitar o aumento da população do inseto psilídeo, que transmite o greening para laranjas, limões e tangerinas, por exemplo.

O setor produtivo considera ações para barrar o problema uma prioridade, já que nas últimas 5 safras brasileiras, mais de 66 milhões de caixas de laranja foram perdidas somente no chamado cinturão citrícola (São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro), segundo o Fundecitrus. A região é a principal produtora das culturas no mundo.

“A laranja é o terceiro principal produto agropecuário produzido por São Paulo em valor de produção, totalizando mais de R$ 5 bilhões. O controle externo é uma medida de manejo fundamental contra a doença e a Tamarixia é um componente sustentável e de inovação dentro do manejo integrado do greening”, afirma Marcelo Miranda, pesquisador e coordenador da área de Entomologia do Fundecitrus.

Atualmente o greening não tem formas de tratamento, ou seja, depois que a planta é infectada, não há como reverter a deterioração causada pela doença. A bactéria transmitida pelo psilídeo acaba causando desfolha, seca nas árvores, crescimento irregular e gosto amargo das frutas cítricas.

O chamado controle biológico surge como alternativa nesses casos, já que utiliza organismos vivos ou outros meios naturais para diminuir ou controlar a população de pragas que afetam culturas agrícolas. Neste tipo de combate, são utilizados microrganismos como fungos, vírus e outras bactérias e parasitoides ou predadores que não afetam a produção em si, somente os patógenos.

Este último é justamente o caso das vespinhas, que podem se alimentar de ovos e ninfas do psilídeo no 1º estágio de desenvolvimento ou parasitar ninfas entre o 3º e 5º estágios. Miranda explica que uma fêmea de Tamarixia radiata pode parasitar até 300 ninfas e a ação conjunta entre predação e parasitismo pode eliminar até 500 ninfas.

As pesquisas do Fundecitrus e da Esalq/USP também demonstram que a vespinha pode parasitar até 75% das ninfas de psilídeos. As vespinhas são liberadas em áreas externas onde não ocorre controle químico, já que elas são suscetíveis aos defensivos agrícolas. A frequência de liberações está atrelada à população de psilídeos na área, clima e época do ano.

“O controle biológico é uma alternativa complementar e sustentável para o controle do greening, que não causa qualquer desequilíbrio ecológico, uma vez que a vespinha não atua sobre outras espécies de insetos ou plantas”, pontua Miranda.

Fonte: Tecmundo, 28/09/2021

Fonte da Imagem: Imagem de Capri23auto por Pixabay

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