Fábio Prata – diretor de marketing para proteção de cultivos da divisão agrícola da Bayer Latam

Inovação de ponta baseada em ciência seguirá sendo a prioridade e o diferencial da Bayer nos próximos anos.

Fábio Prata, diretor de marketing para  proteção de cultivos da divisão agrícola da Bayer Latam.

1. Estruturada em 2015, a Bayer criou uma área de inovação aberta dedicada a promover a agricultura na região da América Latina. Referente a esse mercado, quais os principais desafios da agricultura moderna nesta região? E de que maneira as novas tecnologias da Bayer podem auxiliar o produtor no controle de pragas associadas ao clima tropical?

Inovação aberta tem como princípio a cocriação e a colaboração, agregando diferentes olhares, de times multidisciplinares e diversos, envolvendo parceiros e agricultores, que, interagindo constantemente e de forma inclusiva, podem abrir novas perspectivas e ajudar desenvolver soluções de forma mais ágil e precisa. Boa parte das soluções que levamos ao mercado é fruto direto do trabalho colaborativo e de cocriação com outras empresas, startups, acadêmicos, universidades e demais parceiros.

A agricultura na América Latina, sobretudo em mercados de clima tropical como o Brasil, exige o constante olhar para novos desafios que o agricultor venha a ter. Devido à importância estratégica da região para a Bayer — o Brasil é hoje o segundo mercado mais representativo da divisão agrícola no mundo — desenvolvemos inovações focadas nos problemas do agricultor brasileiro, manejo de pragas e plantas daninhas, desafios climáticos e particularidades de cada região e tipo de cultivo.

Para auxiliar o produtor de forma completa, investimos em um portfólio integrado de proteção ao cultivo, além de biotecnologias de semente que permitem a otimização da produtividade, trazendo mais ganhos ao produtor e menos impacto ao meio ambiente. Além, de oferecermos o Climate Fieldview, nossa ferramenta digital, que permite uma gestão de cultivo mais assertiva e o acesso a novos modelos de negócios como Pro Carbono e Valora, que também trazem importantes benefícios e vantagens aos produtores rurais.

Exemplos de como nosso portfólio endereça esses desafios advindos do clima tropical:  alguns lançamentos recentes como a plataforma INTACTA2 XTEND® para a cultura de soja, VTPRO® 4 para milho e Bollgard® 3 RRFlex para algodão permitem um manejo mais eficaz na eliminação de algumas das pragas e plantas daninhas mais problemáticas destas culturas.

Em relação a produtos de proteção de cultivos, uma novidade da companhia neste ano é o Fox Supra, fungicida sistêmico, além de outras soluções que vêm se consolidando no mercado brasileiro como o fungicida Fox Xpro, o nematicida Verango® Prime, o herbicida Adengo® e o inseticida Curbix 200 SC.

2. Na agricultura moderna o uso de ferramentas digitais tem sido uma importante aliada no campo, auxiliando os agricultores a tomar decisões mais conscientes: o produto certo, no lugar certo, na hora certa e na quantidade certa. Quais as inovações tecnológicas que a Bayer possui atualmente disponíveis para o produtor nacional? E de que forma elas podem auxiliar no aumento da produtividade?

A transformação digital está cada vez mais presente no agro brasileiro. Hoje temos a plataforma líder de agricultura digital, Climate Fieldview, com mais de 25 milhões de hectares mapeados e mais de 11,8 mil máquinas conectadas à plataforma no país.

Com a Climate Fieldview, é possível coletar e processar automaticamente informações de campo, o que ajuda clientes a avaliarem a performance de cada talhão, do plantio à colheita. A partir da coleta e processamento destas informações, o diagnóstico completo das lavouras é traçado, permitindo a otimização do uso de insumos, a visualização de problemas em maquinários, ou seja ajustes que vão impactar no resultado final da lavoura.

Além disso, a adoção de nossa ferramenta digital têm sido importante também para viabilizar novos modelos de negócio, colaborando para que a Bayer seja cada vez menos apenas uma fornecedora de produtos e mais uma parceira capaz de fazer recomendações personalizadas e de fornecer soluções completas para cada agricultor, de acordo com suas necessidades específicas.

3. Os produtores rurais têm se conscientizado cada vez mais para utilização de biológicos associados com os agroquímicos, o que reflete o crescimento do setor ano a ano. Referente ao mercado de biodefensivos, como a Bayer enxerga o crescimento desse segmento nos próximos anos? De que maneira a parceria com a Kimitec, importante empresa no segmento de biológicos, se enquadra no planejamento da empresa acompanhar o mercado?

O uso de produtos biológicos tem ganhado importância para preservar e expandir o potencial produtivo das culturas, além de colaborar com a adoção de boas práticas agrícolas sustentáveis no combate a pragas e doenças. É uma área em que temos investido há mais de uma década e na qual, globalmente, temos o portfólio mais amplo do mercado. Nós vemos uma complementaridade bastante saudável entre os produtos químicos e biológicos — são soluções que se complementam e que devem ter um uso cada vez mais integrado com soluções digitais e biotecnologia.

Para atender às necessidades dos agricultores e contribuir para o abastecimento global de alimentos, a Bayer tem investido no Brasil e globalmente em soluções biológicas nos últimos anos e, em 2013, ingressou neste mercado, no Brasil, com a comercialização do Serenade®. Outra prova desse comprometimento da companhia em trazer soluções sinérgicas com biológicos, é o nematicida Verango Prime, lançado comercialmente na safra 2020/2021. A recente parceria com Kimitec é mais um passo nesta direção, buscando justamente acelerar o desenvolvimento e a comercialização de soluções naturais para as culturas.

4. Dado o elevado percentual de importação de defensivos para o mercado brasileiro, a safra 2022/2023 foi marcada por dificuldades relacionadas ao Covid-19 e Guerra na Ucrânia, que desestabilizaram a cadeia de suprimentos em alguns momentos. Para a safra 2023/2024, quais são as perspectivas para o fornecimento dos produtos da Bayer?

Mesmo diante do cenário de pandemia e guerras nos anos anteriores, seguimos lançando produtos inovadores, pois temos o desafio de entregar soluções cada vez mais alinhadas às necessidades específicas dos agricultores, principalmente em países de clima tropical e proporções continentais como o Brasil.

É importante ressaltar que além desse cenário da guerra, temos presenciado outros fatores que pressionam a cadeia global de suprimentos em quase todos os setores, o que leva a impactos não desprezíveis em custos e preços, tanto no Brasil quanto nos demais mercados agrícolas. Ainda assim, temos feito o possível para assegurar o fornecimento de produtos, e conseguimos atravessar as volatilidades dos ciclos recentes sem prejudicar a entrega de produtos para clientes na América Latina apesar dos desafios logísticos impostos — no nosso caso, isso inclui medicamentos vitais e produtos agrícolas para salvaguardar o fornecimento de alimentos à população civil. Isso só foi viável devido a um trabalho intensivo de diálogo com toda a cadeia, otimização de processos internos e um esforço louvável de nossas equipes.

5. Dentro da estratégia de crescimento da empresa, quais segmentos do agronegócio devem ser o principal enfoque nos próximos anos?

Sabemos que não há dois talhões iguais na agricultura e que produtores precisam de soluções que funcionarão em conjunto para endereçar seus desafios e impulsionar seus ganhos. Portanto, estamos focados em desenvolver soluções flexíveis o suficiente para suprir a necessidade de cada produtor, trabalhando em sistemas que podem ser ajustados às peculiaridades de cada campo — desde sementes de alta performance para o plantio até produtos de proteção de cultivos e ferramentas digitais para o manejo diário dos agricultores.

Inovação de ponta baseada em ciência seguirá sendo a prioridade e o diferencial da Bayer nos próximos anos. Para soja, além de seguirmos consolidando a presença de nossa nova plataforma Intacta2 Xtend, já estamos testando as inovações que vão chegar ao campo futuramente, com a próxima geração de Intacta já em fase de testes. Em milho, temos obtido cada vez mais avanços, como o lançamento futuro do milho de baixa estatura, parte do Smart Corn System, que com sua altura reduzida oferece estabilidade aprimorada, reduzindo a chance de acamamento, e permitindo melhora no acesso aos estandes durante a safra.

Proteção de cultivos continua sendo um mercado super importante para nós – temos o mais amplo portfólio de defensivos do mercado. Sempre atentos às novas demandas da nossa agricultura tropical. Um exemplo é que estamos desenvolvendo, neste momento, o primeiro herbicida inédito dos últimos 30 anos para controle pós-emergente de plantas daninhas, pensando em operações em larga escala, além de novas soluções em soja que utilizarão tecnologia de última geração que combinarão cada vez mais tolerância a lagartas e flexibilidade no manejo de plantas daninhas. Tudo isso somado ao desenvolvimento de novos modelos de negócio com soluções cada vez mais personalizadas, viabilizadas a partir do uso de plataformas como Climate FieldView. 

Além disso, seguiremos aprofundando a atuação da companhia em frentes ligadas a agricultura regenerativa e soluções baseadas na natureza, buscando mostrar que o agro é parte da solução para os desafios climáticos impostos ao planeta. É por isso que vamos trabalhar iniciativas e novos modelos de negócio ligados a proteção florestal a partir deste ano e que seguiremos sendo pioneiros, em colaboração com nossos parceiros no programa PRO Carbono, em construir uma agricultura carbono neutro, baseada não só na redução das emissões, mas também na retirada de gases de efeito estufa já presentes na atmosfera.